Na terça-feira, 25, celebrou-se o Dia do Colono e Motorista, e nós não poderíamos deixar a data passar em branco sem lembrar aqui do importante papel que as mulheres desenvolvem no campo. Agricultoras, artesãs, mães, esposas, avós... Cada vez mais, o protagonismo das mulheres rurais vem refletindo na diversidade da atuação feminina no campo. Vistas antes apenas como ajudantes, elas têm se destacado em diferentes etapas na produção de alimentos e demais atividades relacionadas à geração de renda e desenvolvimento no meio rural.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres constituem 40% da mão de obra agrícola nos países em desenvolvimento. No Rio Grande do Sul, a partir do trabalho da Emater/RS-Ascar, a representatividade feminina no campo está cada vez mais forte e reconhecida. Ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas elas têm desempenhado um papel multifuncional, e quem pode provar isso na prática é a produtora Ionara Fátima Frizon Piovesan.
Em família
Aos 48 anos, Ionara é o exemplo de mulher “multitarefa”. Casada há 32 anos com Roberto Piovesan, com quem tem duas filhas, a Jéssica, de 31 anos, e a Larissa, de 18 anos, além de dois netos, ela se divide nas tarefas de casa, dando atenção à família e aos trabalhos da propriedade onde moram, na comunidade do Alto Castelinho, em Frederico Westphalen. A rotina de Ionara, que tem como principal atividade a suinocultura e o gado de leite, começa antes do nascer do sol, mas é algo que enche o seu coração de alegria.
– Diariamente, iniciamos os trabalhos às 6 horas. Meu esposo, eu e a Larissa lidamos com as vacas, enquanto o genro Renato trata os suínos. Por volta das 8 horas, tomamos nosso café e retornamos para levar as vacas ao pasto, fazer o pré-parto das que precisam desse cuidado naquele momento e lavar a sala de alimentação. Das 9 horas até por volta as 16h30min (com o intervalo para o almoço), dedico esse tempo para cuidar do jardim, da horta, plantação de mandioca, feijão, batata, pois gostamos de plantar um pouco de tudo para o nosso consumo e produzir o máximo de alimento possível em casa. A Larissa faz alguns trabalhos domésticos, trabalhos da escola, e além disso, ajuda na ordenha, na dieta e na criação das terneiras. Ela e o meus esposo também fazem a parte de inseminação artificial na nossa propriedade. A Jéssica dá atenção às crianças e ao seu trabalho de artesanato de crochê, pois tem muitos pedidos. Citando assim parece ser algo fácil, mas é preciso muita dedicação e amor ao que se faz – conta Ionara, lembrando que eles só entram para dentro de casa por volta das 19 horas, depois de novamente fazerem o processo de alimentar os animais, ordenha e limpeza.
Incentivadora
Uma incentivadora da classe feminina, Ionara diz ver com alegria que as mulheres cada vez mais vêm se destacando na atividade rural. “Desejo que cada vez mais mulheres se encorajem nessa luta. Os custos estão levando muitos produtores à desistência, mas precisamos lutar pela nossa classe. Uma vez eu tinha vergonha das minhas mãos calejadas, mas hoje sinto orgulho, sou feliz por estar produzindo o alimento que chega à mesa de tantas pessoas. Aos que desejam permanecer no campo, eu digo que o primeiro passo é gostar, sentir prazer em estar trabalhando no que é seu. A agricultura exige muito trabalho, dedicação e amor. Além disso, é preciso estar sempre se atualizando, ir em busca de melhorias para agregar na sua propriedade. Eu, por exemplo, sou uma mulher do agro com orgulho. Tenho orgulho da minha história, da minha vida”, finaliza Ionara.