O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado nesta segunda-feira, 5, apontou que três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos são considerados analfabetos funcionais, ou seja, não conseguem compreender frases curtas nem identificar informações simples como preços ou números de telefone, o que indica limitações severas de leitura, escrita e cálculo.
A pesquisa atual mostra um retrocesso em relação ao levantamento feito em 2018, quando o percentual de jovens de 15 a 29 anos classificados como analfabetos funcionais era de 14%, enquanto agora o número subiu para 16%, revelando uma tendência de agravamento da situação.
Os especialistas responsáveis pelo estudo associam o crescimento da taxa aos impactos da pandemia de Covid-19, que afetou diretamente a continuidade das aulas presenciais, dificultando o aprendizado de alunos em situação de vulnerabilidade, sobretudo pela falta de acesso a recursos tecnológicos e apoio pedagógico durante o ensino remoto.
O levantamento também evidencia desigualdades raciais e socioeconômicas, com índices diferentes entre os grupos analisados: entre pessoas brancas, 28% são analfabetos funcionais e 41% atingem o nível mais alto de alfabetização; já entre pretos e pardos, os índices são de 30% e 31%, respectivamente; e no grupo de pessoas amarelas e indígenas, a taxa de analfabetismo funcional atinge 47%, com apenas 19% alcançando o nível de alfabetização plena.
Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório da Fundação Itaú, organização que participa da realização do estudo, defende que é necessário acelerar a implementação de políticas públicas eficazes e ampliar as estratégias educacionais para garantir que crianças e jovens tenham acesso ao aprendizado adequado desde o ensino fundamental, principalmente diante do avanço das tecnologias e da complexidade do ambiente digital atual.
A pesquisa ouviu 2.554 pessoas em todas as regiões do Brasil, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, com objetivo de avaliar habilidades básicas de leitura, escrita e matemática, considerando uma margem de erro entre dois e três pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.