Foi um simples dia de chuva na terça-feira passada e, detalhista que por vezes sou, consegui enxergar a modernidade ao olhar o guarda-chuvas da minha esposa. Hoje em dia, até mesmo os guarda-chuvas evoluíram. Os modelos antigos, que após usar você acabava molhando o carro ou a casa estão ficando ultrapassados. Agora temos aquele que você fecha “para cima” e ele armazena a água internamente, evitando molhanças. Sim, a modernidade também chegou em pequenos detalhes do cotidiano.
E aproveitando o recém passado Dia das Crianças, o que dizer delas? A gente está indo e elas voltaram umas três vezes. A rapidez é absurda. Aquilo que fazíamos com 8 ou 10 anos elas já fazem com cinco. Não que éramos tartarugas, mas elas que são coelhos. E por falar em crianças, a modernidade vem impactando por ali, também. As brincadeiras que eram tão simples e que envolviam muita imaginação vêm sendo substituídas pelas telas. Por isso meu apreço ainda maior pelos professores, os quais possuem uma tarefa de certo modo complexa em saber ensinar e equilibrar tudo isso.
Ainda quanto às brincadeiras das antigas, dias atrás resolvi testar uma lá em casa. Quem aí lembra do “quente ou frio? ”, aquela em que escondíamos um objeto e orientávamos os outros a procurar, informando se estavam perto ou longe? Expliquei ao meu filho como seria a brincadeira e ele me olhou com certa dúvida se eu estava em meu estado mental correto. Por fim ele disse que brincaria, mas que depois queria “jogar joguinho” no celular. Aceitei, afinal é o preço que se paga (ou a negociação que se envolve) para que a gente não deixe esse aspecto lúdico e criativo se perder.
E sobre esse confronto entre o lúdico e as telas, acredito que a maioria dos pais tenham a mesma dificuldade em tentar trazer as coisas bacanas de antigamente para os dias de hoje, mesmo correndo o risco de passar vergonha. No meu caso, ainda bem que nunca mostrei ao meu filho um bom e velho walkman da Aiwa que ainda tenho guardado, embora sem uso. Imagine, então, mostrá-lo junto a uma fita-cassete da Basf, que poderia ser colocada dentro dele. Certamente meu guri já não teria mais dúvida sobre meu estado mental. Portanto, melhor evitar.
Estava aqui pensando sobre os dois últimos finais de semana. Um foi quente, com Brasileirão e eleições. No outro, uma frieza absurda, sem futebol e sem correria de pedidos de votos. E agora voltamos à normalidade do quente justamente com um Gre-Nal, embora sem o barulhinho da urna eletrônica. Guardadas as devidas proporções, nossa brincadeira do “quente ou frio” poderia ser retomada na mais absurda normalidade, mesmo que nossos filhos não entendessem nada do assunto.
Enfim, seguimos. Hoje é a gente que precisa se adaptar às coisas da geração atual, assim como nossos pais se adaptaram às nossas. É a implacável Lei do Retorno. O mundo muda e a gente precisa se atualizar, não tem jeito. Embora existam coisas que jamais irão mudar, como dizer “quente” à criançada quando elas estiverem procurando por um “objeto” chamado Gre-Nal.