O influenciador digital: o novo perfil de político
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terça, 15 de outubro de 2024

Após o segundo turno das eleições municipais foi divulgada uma pesquisa de intenção de voto para Presidente da República, feita pela Genial/Quaest, que mostra Lula com 32% das intenções de voto, Pablo Marçal (PRTB) com 18% e Tarcísio de Freitas (Republicanos) com 15%.
Pode-se olhar os resultados dessa pesquisa por muitos ângulos, inclusive pela lógica de que a força da direita somada é maior do que a da esquerda.
Um ponto de atenção deste resultado pode ficar a cargo do desempenho de Pablo Marçal, que ganhou visibilidade na disputa pela Prefeitura de São Paulo, ficou em terceiro lugar e está tentando construir a percepção de que é o candidato mais forte na oposição a Lula. Por mais que Marçal se posicione como um candidatado de direita, ele agrada tanto eleitores não ideológicos que gostam de Bolsonaro, quanto os que gostam de Lula.
O ponto da reflexão está no crescimento destes candidatos que nascem eleitoralmente a partir de seu desempenho como influenciadores digitais. Bolsonaro era um político tradicional, que soube utilizar as redes sociais para propalar a sua mensagem. Pablo Marçal é um profissional das redes sociais que utiliza essa expertise para se tornar um político.
E não há nada de errado nisso! Tudo de acordo com o sistema político vigente, com a maneira como os partidos estão (des)estruturados e, principalmente, é uma resposta à jornada trilhada pelas campanhas eleitorais, que se preocupam mais com o personalismo de seus candidatos do que ao propósito do partido. E SP tem sido um berço para estes exemplos, tanto é que Datena (PSDB) apoiou Boulos (PSOL) no segundo turno.
    Os partidos políticos têm apostado em candidatos que possam ser “personagens”, que tenham capacidade de convencimento e persuasão, que sejam bons de retórica. E neste contexto, as redes sociais têm se tornado o maior palco da atualidade e os políticos que sabem navegar neste ambiente se beneficiam.
    Agora, saber navegar neste ambiente não significa que basta apenas que o político tenha uma boa equipe de redes sociais, que faça postagens bacanas ou que invista em trafego pago. É muito mais do que isso!
    O eleitor espera por candidatos empáticos, que entendam o seu problema e tenham solução para os mesmos. O que chama a atenção é aquilo que engaja, para além do algoritmo. Tem a ver com a antiga afirmação filosófica de que o povo “gosta de circo e sangue”. Nesse contexto, um debate com um candidato dando cadeirada em outro é mais sensacionalista do que uma boa proposta! Afinal de contas, você já viu alguém ser elogiado em um debate por suas ideias? É sempre pela pegadinha bem armada, pela resposta bem dada ou até pela denúncia bombástica.
Como os partidos políticos nunca foram muito bons em essência, agora estão se especializando na aparência de seus candidatos. E uma parcela da sociedade tende a responder a essa aparência do mundo digital. Este comportamento estará com consonância com o mundo em que estamos vivendo, onde cada um se preocupa mais em aparecer bem na sua timeline do que pensar, pesquisar ou debater soluções para a cidade. 
Sem dúvida, Pablo Marçal é mais inspirador para as aspirações individuais de um jovem do que o tradicional clichê que tenta construir um sentimento de coletividade e apregoa que “os jovens irão mudar o mundo”.


 

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