Machado de Assis no Tik Tok
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segunda, 14 de outubro de 2024

Quem diria que uma influencer americana viralizou ao falar de Machado de Assis por ter lido “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e ter se entregado a ler também “Dom Casmurro”. Sim, o Bruxo do Cosme Velho, esse era seu apelido e o nome da rua e do bairro no Rio de Janeiro onde o autor morou de 1883 até sua morte, em 1908. Carlos Drummond de Andrade popularizou o apelido em 1958, quando publicou um poema escrito em homenagem ao autor chamado “A um Bruxo, com Amor”. Há também uma história que conta que Machado queimou algumas cartas em um caldeirão no sobrado onde vivia. A vizinhança viu o ato e passou a chamá-lo de bruxo a partir daquele dia.
O autor é um dos maiores representantes da literatura brasileira. O grande escritor foi o responsável por inaugurar o Realismo no Brasil, que iniciou com a obra "Memórias Póstumas de Brás Cubas", publicada em 1881. Também foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, presidiu a academia por mais de 10 anos e foi ocupante da cadeira de número 23.
    Conhecido por vasta obra, foi maravilhoso também como contista, e o conto que me marcou foi “História de uma lágrima” (1867) que pertenceu a sua fase romântica, história marcada pelo sofrimento de um homem envelhecido precocemente (com 30 anos tinha a aparência de uma pessoa de 60 anos) por conta de um amor perdido e sua desventura é narrada para o leitor através de Daniel, a um dos poucos amigos que possui. Enredo cheio de surpresas e emoções. Aliás, todas as histórias são fabulosas, mostram um escritor atento às questões do seu tempo, denunciando as mazelas da sociedade. Sua ironia e humor atravessam os tempos.
    Um pensamento que me marcou quando li “Esaú e Jacó” é “o que o berço dá só a cova tira”. Porém, Machado de Assis tem outros mais: “Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito”. A verdade é que o olhar crítico de Machado sobre a realidade de seu tempo perdura até os dias de hoje. 
    Para encerrar, uma curiosidade sobre o autor que foi escolhido como escritor do século XX pelos leitores da Revista ISTOÉ, edição de 1543. Enquanto escrevia “Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis foi acometido por uma de suas piores crises intestinais, com complicações para sua frágil visão. Os médicos recomendaram três meses de descanso em Petrópolis. Sem poder ler nem redigir, ditou grande parte do romance para a esposa, Carolina.
 

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