Ingressamos no mês de agosto, dedicado aos sacerdotes. Afinal, quem é este personagem que frequentemente esbarramos nele? Será ele um ser mortal como nós? Sim e não. Sim, porque é feito do mesmo barro que qualquer ser humano, com seus defeitos, fraquezas e até pecados. Não, porque ele foi selecionado por Deus. “Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi”. Ninguém chega ao cume desta hierarquia sem passar por um tirocínio longo e pedregoso, onde são testadas as suas tendências, para no final, confirmar a vocação. É a profissão que mais estudo exige. Um médico cursa seis anos de Ensino Superior. O padre oito.
No dia da sua ordenação, ele é revestido da “sacra potestas” – o sagrado poder de, na Missa, transformar pão no Corpo do Senhor. De, na confissão, perdoar pecados, desligando na terra aquilo que será desligado no Céu. Tanto que muitos teólogos escrevem que “se eu encontrasse na rua a Santíssima Virgem e um sacerdote, saudaria primeiro o sacerdote, pois Maria gerou o Filho de Deus uma vez, ao passo que o padre o faz todas as vezes que pronunciar as sacrossantas palavras ‘este é o meu corpo’ na hora da Consagração”. O caráter sacerdotal é indelével, permanecendo no presbítero para toda a sua vida (Cat. 1583).
Também neste dia inesquecível, o padre PROMETE ao Bispo obediência ad aeternitatem. O Bispo então beija o ordenando. Cerimônia simbólica de profunda eloquência, que faz inconcebível a atitude de raros padres, desrespeitando o seu Epíscopo. Santos ensinavam: “É preferível errar com o Bispo, do que acertar sozinho”. Em todo o caso, o próprio Bispo também deveria ouvir a advertência do Papa: “Sede cautelosos na ordenação, pois sereis responsáveis por um mau padre que ordenastes”. Às vezes, dada a carência, os bispos ordenam padres aos borbotões, esquecendo o Cat.: “não faltarão ministros no meu santuário” (1542).
São Gregório Nazianzeno ensinava que os padres devem purificar-se, antes de purificar os outros. Instruir-se para pode instruir. Tornar-se luz para poder iluminar. Com total acerto, a Igreja elegeu o Cura d’Ars como modelo para os sacerdotes. Dom Antônio escreveu didático livro sobre o patrono dos párocos, que não era um portento de sabedoria, e sim de santidade. Devido à sua insuficiência teológica, foi ordenado, mas foi impedido de ouvir confissões. Mas tarde, o Governo francês teve de construir uma via férrea para Ars, dado o contingente de fiéis que para lá acorriam, exatamente para se confessar. Mesmo em geografia, seus conhecimentos eram tão exíguos que numa encruzilhada parou, pois desconhecia o caminho para a sua paróquia. Pediu ajuda a um gurizinho. Agradeceu com as palavras: “Tu me ensinaste o caminho para Ars, eu te ensinarei o caminho para o Céu”. O Diabo teria falado: “Três sacerdotes como o Cura d’Ars, e o meu reino na terra será extinto”.
Se Você se julga com autoridade para criticar o padre, teria coragem de vestir a batina dele? Nolite tangere christos meos – “Não ouseis tocar nos meus ungidos!” (1Cr 16,22). A sagrada Bíblia adverte: não arrisque levantar a mão contra um padre. Não os homens; Deus poderá fulminá-lo. O padre é um misto de humano e de divino.