Para o eleitor é mais fácil rejeitar do que gostar de um político, até porque ¼ dos eleitores não gostam de política e dos políticos. Quando uma eleição municipal se aproxima, a primeira coisa que os eleitores fazem é dar uma olhada nos nomes em disputa e fazer o seu julgamento, que se divide em três critérios: o candidato respeitado, que pode receber um voto de confiança, o candidato interessante, que desperta curiosidade e será observado e o candidato rejeitado, com o qual o eleitor não quer papo. Se o governo foi bem, o Prefeito pode se reeleger ou fazer seu sucessor dentro dos princípios da credibilidade. Agora, se governo foi mal, a tendência é que o eleitor rejeite a continuidade e aposte na mudança.
Compreender a natureza da rejeição de um candidato é mais importante do que mapear o seu percentual. Há analistas que utilizam parâmetros objetivos para desqualificar um candidato, carimbando a sua campanha como inviável se ele tiver 30% de rejeição. Via de regra, não dá para usar apenas o indicador objetivo, é preciso compreender os fatores sociológicos que constituem este indicador.
Há várias motivações para a rejeição, algumas são reversíveis, outras não. Os argumentos de rejeição associados ao desconhecimento ou antipatia de um candidato podem ser desconstituídos com a sua apresentação durante a campanha. Tem candidato que não tem aquele sorriso de artista, não é cativante ou é introvertido e, em muitos casos, é classificado como antipático ou arrogante. E se o seu adversário é popular, piadista e abraça todo mundo, pronto, o candidato desconhecido e envergonhado não consegue se aproximar das pessoas.
Quando a rejeição de um candidato está associada a critérios de imagem, uma campanha bem feita, que conte a sua vida, seus feitos e sonhos, pode reverter a rejeição.
Agora, quando o carimbo de rejeição de um candidato advém de má gestão, envolvimento com malversação de recursos ou acusação de corrupção, a coisa não é tão fácil. Mesmo assim, há situações em que um candidato pode ganhar a eleição, mesmo com alta rejeição por incompetência ou escândalos de corrupção. Isso acontece quando os seus adversários também sofrem do mesmo tipo de acusação, daí o eleitor faz aquela afirmação clássica: diz que vai escolher o “menos pior”.
Agora, a mais clássica das rejeições é a ideológica e ocorre em cidades onde há uma polarização partidária histórica, como nos casos em que dois partidos se alternam no poder e se tornam inimigos, motivando os eleitores a amarem um partido e odiarem o outro. Atualmente, a polarização nacional também estará presente em algumas cidades, fazendo com que o candidato do PT seja odiado pelos eleitores do PL, e vice-versa.
Em todas as nossas relações sociais costumamos utilizar nossa percepção e valores para criar um juízo de valor de algo ou alguém. O mesmo acontece com a política. E é aí que entram as pesquisas de diagnósticos estratégicos realizadas pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), que compreendem os motivadores da rejeição.