Tem sido corriqueiro o questionamento sobre a pauta das eleições municipais. A dúvida é sobre o tema que os candidatos devem dar atenção.
Por mais que algumas agendas sejam comuns em vários municípios, não há receita de bolo! Cada município tem uma realidade conjuntural, estrutural e política e exige um olhar apurado para saber as dores e expectativas dos eleitores.
Mas sempre dá para arrolar algumas premissas que precisam ser observadas para se traçar a tendência do município. Claro, não podemos esquecer que as pesquisas estratégicas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião têm a capacidade de compreender o humor do eleitor, mapeando: “aquilo que está bom e precisa continuar”, “o que está ruim e motiva a mudança” e o grande tema que gera expectativa, um candidato que “faça aquilo que ninguém fez”. É como se fosse a cereja do bolo, o elemento de retórica que separa o “joio do trigo”.
As jornadas de pesquisa realizadas pelo IPO possibilitam a sistematização das principais premissas que motivam a análise do eleitor:
a) Tendência de continuidade ou mudança: a primeira pergunta a ser analisada é qual a decisão atual dos eleitores: os indicadores de avaliação do atual Prefeito indicam que o seu trabalho é positivo ou negativo? Se a maioria disser que é positivo, temos a tendência de continuidade. Ao contrário, se a maioria disser que é negativo, está posta a mudança;
b) A situação das entregas, do cumprimento das promessas da última campanha: Este indicador está associado à tendência de continuidade ou mudança. Se um Prefeito é bem avaliado, significa que ele está fazendo bem o tema de casa. E isso vale para Prefeito que vai à reeleição ou que está apoiando um sucessor. De uma forma geral, os grandes temas associados às entregas estão na saúde (na maioria dos municípios há o debate sobre atendimentos especializados, exames e cirurgias – que são responsabilidades compartilhadas com Governo do Estado, mas a conta fica com os Prefeitos) e zeladoria (cuidados com a cidade, com os bairros, em serviços de limpeza, ampliação da pavimentação, manutenção das ruas, iluminação, etc.). A situação climática tem aumentado o debate sobre a logística de combate a enchentes e alagamentos. Em muitas cidades esse tema será o ápice do debate e aquele que apresentar a melhor proposta de controle dos alagamentos, se for um candidato com credibilidade, poderá ter uma grande vantagem competitiva.
c) A governabilidade: O eleitor olha para a capacidade de um Prefeito aprovar projetos na Câmara de Vereadores, para o número de CCs e para a atuação deles na cidade.
d) A municipalização ou verticalização da polarização política nacional: Em algumas cidades, o debate nacional e a discussão Lula X Bolsonaro farão parte da agenda dos debates municipais. Esta prática tende a vingar nas cidades em que há candidaturas de esquerda e de direita com expressão eleitoral. Os municípios onde há programa eleitoral pela televisão e fortes bases de universidades e funcionalismo público, também tendem a estimular este debate. Em municípios menores, a influência da polarização se dará em torno de valores sociais e morais, tendo em vista que é possível que durante a pré-campanha haja o debate nacional sobre a legalização do aborto e do porte de drogas.
Neste momento parece que a eleição será morna, sem muitos contratempos. Mas a emoção ainda está por vir!