É só parar e observar momentos cotidianos como uma fila de universitários esperando o ônibus, amigos na mesa de um bar ou até adolescentes no restaurante com os pais, a cena será a mesma: todos com o celular na mão!
Hoje em dia, os celulares se tornaram uma extensão de nós mesmos. Seja para verificar mensagens, redes sociais, ou até mesmo tirar fotos, eles estão sempre presentes. É como se fossem nossos “companheiros digitais”, nos conectando ao mundo e às pessoas, mesmo quando estamos fisicamente separados.
Depois de pensar no que percebemos no nosso dia a dia, temos que parar e refletir sobre o nosso julgamento, nosso juízo de valor sobre a atual juventude. Nas pesquisas qualitativas com grupos focais realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, é comum ouvirmos críticas sobre a displicência, a falta de interesse e de atenção dos jovens para com os seus familiares e para com os desafios da realidade. “Estão sempre no mundo virtual”, na nossa época se dizia: “estão sempre no mundo da lua!”
E quando falamos em jovens, temos que olhar para dois grupos geracionais. Parte da geração Y, nascidos entre 1981 e 1996, em que a internet imprimiu outra dinâmica nas relações, tráfego de informações e o modo de interagir. E, principalmente, a geração Z, nascidos entre 1997 e 2010 – são conectados, dominam a tecnologia, têm alto consumo e compartilhamento de informações e são considerados nativos digitais.
Como essa galera nasceu mais conectada, por um lado é mais fácil ou natural para eles a adaptação ou a integração do mundo digital. Por outro lado, estão mais suscetíveis à influência da internet e sofrem com problemas e medos que, muitas vezes, não temos a capacidade de perceber:
1) Vivem uma realidade de excesso de informação. Já dizia o dito, que quem tem tudo, não tem nada. E é mais ou menos assim, os jovens de hoje têm tanta informação que precisam selecionar ou filtrar o que irão consumir e essa situação dificulta a vida deles. Muitas vezes acabam entrando na “bolha da bolha” e enxergam o mundo por telas muito limitadas.
2) Sofrem com a pressão social constante nas redes. Poucos anos atrás, um jovem sofria bullying na escola ou na rua, chegava em casa e tinha o seu porto seguro. Hoje em dia não é bem assim, a gurizada pode estar na rua ou deitada na cama do seu quarto que o ciberbullying está ativo, com alguém insultando, humilhando, praticando violência psicológica repetitiva nos diferentes canais das redes sociais ou nos aplicativos de mensagem instantânea, como o Whats.
Além disso, a busca pela imagem considerada “ideal” nas redes sociais traz ansiedade e insatisfação. Como a conectividade é a praia deles, para se sentirem incluídos na tribo querem a aprovação imediata, que está associada às curtidas e comentários que recebem na internet. Quando não alcançam o que gostariam ou são cancelados por alguém, se frustram. As expectativas não atendidas trazem sofrimento e geram isolamento. Como comparam a sua vida com as postagens que veem, se fragilizam e a autoestima fica baixa.
É essencial que tenhamos consciência da difícil vida dos jovens na era da informação e dos desafios impostos por um mundo onde o real e o virtual se confundem, e mantêm esta galera estimulada, provocada, cobrada e até perseguida e enganada, tendo em vista que nem falamos aqui da questão da segurança e privacidade.