Um terço da população é considerada formadora de opinião, gosta de conversar sobre política e se interessa pelo tema. Logo, dois terços da população não querem saber de política. Pelo princípio clássico, a regra diz que “quem não gosta de política, vai ser mandado por quem gosta”.
A política deveria ser um instrumento de transformação da sociedade. Por meio dela, manteríamos as leis e regras que nos fazem bem e eliminaríamos as leis que não pegam ou nos prejudicam. Mas, na prática, não funciona assim!
Então precisamos olhar para dentro de nossa cultura política, para a forma como fomos e estamos sendo educados a entender e lidar com a política. Nos responder internamente: por que não gostamos de política?
Quando os entrevistadores do IPO – Instituto Pesquisas de Opinião vão para as ruas ouvir a população, a tendência é de que o entrevistado jogue a responsabilidade para os políticos ou instituições. As respostas são quase que clichês: “não gosto de política, pois não confio nas instituições”, “todo político é ladrão”, “gostam de tirar vantagem em cima do povo”, “fazem as leis para se auto beneficiarem”, “usurpam a população”, etc.
Mas vamos pensar como tudo isso começou? A história poderia nos dizer que “desde Cabral, todo mundo rouba” e teríamos uma boa justificativa para mantermos a nossa zona de conforto!
Se fizermos um sobrevoo mental na democracia que temos e pensarmos nela como um “telhado” do nosso Brasil, vamos perceber que os esteios ou pilares deste telhado seriam a PARTICIPAÇÃO POLÍTICA e o EXERCÍCIO DA CIDADANIA.
Do ponto de vista formal, pensando no funcionamento das instituições brasileiras, a democracia representativa parece funcionar bem. Ela segue a lógica da cultura política em vigor: no tempo da política, o eleitor é chamado a votar, dá uma procuração para os eleitos o representarem e estes passam a fazer o que bem querem, em nome de suas bases ou de suas bolhas.
Como temos a prática de culpar os políticos, vamos dizer que é esse o problema e assunto encerrado! Não quero dizer que os políticos não têm responsabilidades e reconheço que o sistema político vigente é permissivo e mantém este status quo vigente. Muitas vezes, nem os políticos sabem como sair dessa arapuca!
A ORIGEM DO NOSSO MAL ESTAR COM A POLÍTICA ESTÁ ASSOCIADA AO NOSSO DISTANCIAMENTO DO TEMA. A política, que decide até quanto vai custar o feijão que comemos, deveria ser tema de cadeiras permanentes nas escolas. Poderíamos chamar de disciplina de moral e cívica, de cidadania, de sociologia, etc. O nome não importa. PARA GOSTARMOS DE POLÍTICA, PRECISAMOS FALAR E APRENDER SOBRE POLÍTICA. Temos que ter a capacidade de analisar as leis que temos, rabiscar as leis que queremos ter e cobrar isso dos nossos representantes.
Além de colocar a política na nossa rotina educacional, onde teríamos a teoria, temos que exercitar a política. O exercício da política fica muito mais simples se temos uma educação para política. Com conhecimento mínimo, vamos definir em que instituição, associação ou grupo queremos estar para buscar melhorias para nossa comunidade, para nossos filhos e vamos saber como exercer os nossos direitos, inclusive, fazendo com que a justiça deixe de ser esse “bicho de sete cabeças”.