Trabalhar com pesquisa de opinião é desenvolver a arte da escuta, compreender como as pessoas enxergam a realidade, quais são as visões de mundo vigentes para um mesmo tema.
Cada um tem a sua opinião, é fato! O fantástico é observar que cada um tem a sua verdade e que a mesma pode ser tão repleta de sentidos, de contextos e justificativas, que saímos da entrevista enxergando que realmente a verdade está contida em um conceito. E, como existem muitos conceitos, existem muitas verdades. Não é à toa que se diz que a verdade não existe, pois ela não é única.
As pesquisas qualitativas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião buscam mapear os fenômenos sociológicos que estão por trás de uma decisão, de uma avaliação ou de um comportamento.
Independente do assunto pesquisado, o ponto mais comum nas falas dos entrevistados é a esperança, que é retratada na expectativa de alcançar o objetivo que se busca.
Olhamos para a realidade com a nossa lupa, pela janela de nossa existência e desejamos uma melhoria ou uma solução completa para um problema ou uma realidade específica. Em algumas pessoas, essa expectativa vem calibrada com uma parte de razão e outra de emoção. Nos mais ansiosos, “o anseio” por dias melhores vem acompanhado de muitas emoções. E na grande maioria, a fé e a crença são os principais motivadores.
Se realizamos uma análise de conteúdo dos textos de diferentes pesquisas, pode ser de uma pesquisa que fale sobre as preferências de consumo, que relate a experiência de compra ou que investigue a posição da população em relação à reforma tributária, a esperança na forma de expectativa está presente nas narrativas. Especialmente quando se pensa no amanhã, quando uma pergunta projeta o futuro!
Quando a pesquisa foca na expectativa de melhoria de vida da família, da cidade ou do Brasil, a esperança se torna a rainha da discussão. Mesmo quando se pensa em eleição, a tecla verde que confirma o voto sempre é o principal caminho dos esperançosos.
Falando em voto, a esperança também é o sentimento que nutre a motivação e os argumentos dos radicais. Ela está presente na polarização política que vemos crescer no país. Cada um dos lados, tanto da direita quanto da esquerda, acredita em um mundo melhor, crê que a sua moral é a mais indicada e que quem pensa diferente é um inimigo, um opositor. Nos casos mais extremos, a esperança pela vitória política está associada ao sofrimento ou à aniquilação do adversário político.
A grande parte do eleitorado que está apartado da discussão ou em uma zona neutra do debate politizado também mantém ativa as suas esperanças. O maior desejo da maioria da população é que os problemas crônicos do país sejam enfrentados e que o sistema de saúde funcione a contento, pois a saúde não pode esperar.
Tanto os que usam o SUS – Sistema Único de Saúde, quanto os que usam o sistema suplementar de saúde do Brasil relatam a ampliação da displicência com as necessidades de saúde da população. Cada vez mais, as pessoas precisam “brigar” para serem atendidas, para conseguirem o atendimento de um especialista, um exame ou até mesmo uma cirurgia.
Como a esperança nos move, as pessoas sempre acreditam que amanhã será diferente, que haverá um prefeito, um governador ou um presidente que poderá fazer o que precisa ser feito!