A inteligência artificial já “está no meio de nós”
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terça, 27 de junho de 2023

A internet é um marco em nossa sociedade e tem alterado a forma como vivemos, produzimos e nos comunicamos.
Ainda estamos aprendendo a lidar com a internet. De um lado, tentamos aprender a usufruir de todos os seus benefícios e, de outro, buscamos nos proteger de seus perigos, que perpassam desde as Fake News até os golpes, invasões e furto de dados.
Agora estamos nos deparando com um novo momento histórico, que é o avanço da inteligência artificial. A inteligência artificial (IA) foi criada para fazer com que as máquinas possam executar tarefas que precisam de inteligência humana. Em vez de ter muitas pessoas, se coloca uma máquina. Na área rural, um computador poderia avaliar a previsão do tempo, gerenciar sozinho o sistema de irrigação e preparar a colheita com as máquinas, com o apoio de poucas pessoas.
Os especialistas afirmam que a IA poderá resolver problemas como alterações climáticas e a cura do câncer. 
Uma referência atual de inteligência artificial é o aplicativo ChatGPT, que é um chatbot on-line de inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI, lançado em novembro de 2022, que cria qualquer conteúdo de texto em poucos comandos. O próprio Chat diz que se a inteligência for usada com maldade poderá produzir até armas poderosas prejudiciais à sociedade.
Outro risco da IA é a ampliação da desinformação, que pode atrapalhar ou influenciar na tomada de decisão coletiva. Uma informação falsa desenvolvida pela inteligência artificial pode mudar o resultado de uma eleição ou ampliar os “cancelamentos” do tribunal da internet. Um exemplo foram as fotos que circularam na internet, desenvolvidas pela inteligência artificial, que mostravam o Papa tricotando, andando de skate ou com roupas modernas. Se não fossem contextualizadas como obra da inteligência artificial, criariam uma imagem equivocada sobre o Papa.
O enfraquecimento da humanidade é um outro grande risco que pode ser potencializado pela inteligência artificial. Este risco está inicialmente ligado à dependência da IA. Quando éramos pequenos nossos pais diziam que, se utilizássemos apenas a calculadora, não saberíamos fazer as contas de cabeça. Hoje não sabemos nos deslocar sem GPS e nossos filhos perguntam tudo para o Google ou para uma assistente virtual. Imagine o que irá acontecer com uma sociedade que não produz mais conteúdo, que pede para uma máquina fazer? E, além disso, o maior risco de enfraquecimento da humanidade está associado à ampliação da precarização do trabalho ou à falta de vagas de trabalho para uma grande massa de pessoas.
A inteligência artificial também facilita a concentração do poder, fazendo com que poucas pessoas controlem segmentos, setores, cidades, países e o mundo. Estas pessoas poderão definir as regras, os filtros de acesso e de exclusão de outras pessoas. Favorece, inclusive, sistemas ditatoriais e censura opressiva.
Os defensores da inteligência artificial afirmam que há muitas análises equivocadas e previsões exageradas. A história nos mostra que todos os avanços sociais trouxeram benefícios e malefícios. 
A grande pergunta é: como será a regulamentação e quais os limites da inteligência artificial. Para tanto, o primeiro passo é termos consciência de seu papel em nossa realidade e, principalmente, ir observando e aprendendo com os efeitos desta tecnologia a cada dia. 
 

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