Revolução híbrida
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terça, 30 de maio de 2023

A pandemia atrasou e atrapalhou muita coisa e acelerou e melhorou outras. As dinâmicas do trabalho e a virtualização de algumas funções, com a possibilidade de trabalhar em casa, assim como de qualquer lugar do mundo, interagindo e coproduzindo, reduzindo custos, “desapegando” alguns hábitos essencialmente presenciais, acelerou muito e no pós-pandemia se tornou uma realidade num número enorme de empresas.

Vivemos uma espécie de "revolução híbrida" no trabalho. De acordo com o levantamento realizado pelo Google Workspace, em parceria com a consultoria IDC Brasil, 56% das empresas brasileiras adotaram o trabalho híbrido em 2022. O mesmo levantamento havia identificado que em 2021, ainda em plena pandemia a taxa era de 44%. Durante a pandemia, o modelo foi adotado para cumprir determinações dos protocolos de saúde pública, mas aquilo que foi visto como um grande problema inicialmente, depois das adaptações, parece ter virado vantagem em muitos casos. As vantagens que têm sido faladas sobre este modelo são flexibilidade, redução de custos, pessoas atuando de lugares diferentes, mais produtividade, mais diversidade, mais inovação, mais interatividade, funcionários mais felizes...

As empresas que têm filiais parecem ter adotado o modelo para quem mora nos municípios sede das matrizes, com três dias em casa e dois presenciais, por exemplo, com equipes das matrizes se encontrando para trocar ideias “olho no olho”, almoçando juntos, criando vínculos, soluções imediatas das dúvidas, estimulando relacionamentos de maior confiança, etc. E para a turma que mora longe, a possibilidade de participação on-line, gravação de reuniões para quem tem outro compromisso, etc., viabilizando para quem está a trabalho em locais com outro fuso horário, inclusive, diferentes formas de participar.

O híbrido ainda é uma modalidade de trabalho desconhecida para muitas empresas, instituições, organizações diversas e é preciso mais experiências, mais tempo de práticas para estabelecer mais avaliações, controles, organização, planejamento, orientações, normas. Gestores de RH relatam que foi nas confraternizações que algumas falhas foram percebidas, como a falta de alguns colegas presencial ou remotamente, e assim decididas ações para resgatar a presença. Uma confraternização no final pode ser o motivador para a presença física. Mas para aqueles que realmente não podem por estar muito distantes, quem sabe é possível enviar uma encomenda para o local físico em que estão os participantes do remoto. Acompanhar aqueles momentos de confraternização que envolvam os “comes e bebes”, música, risos, homenagens no palco e nas redes, assistindo e se sentindo parte, reduz o sentimento de exclusão. Conexões caindo, áudios ruins, câmeras desfocadas, apresentações falhando, quebras no tempo, sem respostas no chat, sem o bom da festa, já é suficientemente excludente.

Muitas empresas e suas equipes vêm usando uma diversidade de ferramentas tecnológicas, nem todas digitais, para aumentar a integração entre quem está presente fisicamente e quem está no remoto. Reunir pessoas de cidades diferentes no mesmo local, criar mini eventos, buscar mais interatividade remota, imprimir ou projetar fotos de quem estava longe para dar a sensação de presença, distribuir cestas interativas, fazer chamadas nas horas das fotos e brindes, são algumas das ações relatadas como exitosas. É importante lembrar também que os que gostam de só olhar para a festa, seguiram fazendo isso com mais tranquilidade, enquanto os que não gostam de festa, não foram e não mudou nada.

Estamos vendo muitos caminhos para colaboração e interação, e aprendendo a coexistir em espaços diferentes. A pandemia afastou, aproximou, reformou e agora exige novas habilidades para reconexão, seja ela física ou virtual. O híbrido tem se mostrado bastante inclusivo na participação de quem está longe em reuniões de trabalho, sem falar na economia de tempo e dinheiro. Em outras funções, mais criatividade, diversidade, alternativas serão necessárias para manter a participação efetiva, seja no trabalho, estudos, discussões. São adversidades técnicas e gerenciais diferentes, que merecem nossa atenção para seguirmos aproveitando o melhor do presencial e do virtual.

Um abraço e até a próxima!

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