Ouvi na televisão uma notícia que penso ser alentadora para o país. O governador de São Paulo, por meio de seus secretários, criou o programa Jovem Aprendiz Paulista. A iniciativa de imediato oferece 60 mil vagas de trabalho para jovens entre 14 a 16 anos, por um espaço de até 24 meses, para quatro dias por semana, com atividade de quatro a seis horas diárias, com salário médio de R$ 716. O empresário só se preocupará com a remuneração, sem encargos, com possível demissão. O Jovem Aprendiz recolherá apenas 2% para o FGTS e terá registro com carteira profissional.
O governo do Estado oferece esta oportunidade ao jovem matriculado na rede pública de ensino, que deverá disponibilizar um dia por semana para assistir às aulas de capacitação, a expensas do Estado. Esta capacitação abre um leque de oportunidades de trabalho que normalmente ocorrem na localidade onde o estudante habita, não esquecendo a área rural. Não estou em condições de ofertar maiores esclarecimentos sobre o assunto, mas em síntese, é o que se apresenta. O governador, ao anunciar o programa, pronunciou uma frase que gosto de frisar: “O jovem não só irá estudar, mas também trabalhar, pois o trabalho não tira pedaços”!
Muitos governantes apreciam agradar o cidadão com regalias, estratégias da antiga Roma, que a levou à falência: “Panem et circenses” (comida e jogos). Expressiva parcela da nossa juventude entende que indo à escola já cumpriu seu dever cívico. A outra metade da jornada é gasta no celular ou no ócio. Ora, sabemos que é na rigidez dos costumes que se forjam as personalidades. A santa Bíblia compara o preguiçoso a um monte de esterco (Eclo 22, 2). Mocidade molenga é presa fácil dos vícios e levará a sociedade fatalmente ao abismo.
Está no DNA da pessoa humana o trabalho, desde que nossos ancestrais no Éden, desobedeceram às ordens do Criador. Daquele momento em diante, o pão seria conquistado com labor e suor do rosto. Acabou-se o maná caído do céu ou a água gerada do rochedo, aberto com a vara de Moisés. Se quiser colher, terá de plantar. “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário” escreveu Albert Einstein. Existe um adágio americano que apregoa: “O possível nós fazemos logo, o impossível levaremos algum tempo”. Josh Billings disse: “a vida não consiste em ter boas cartas na mão e sim em jogar bem as que se tem”. Alguém ensinou “simpatia para se ganhar dinheiro: acordar cedo, tomar banho e ir para o trabalho”.
São Bento, o pai dos mosteiros, redigiu uma constituição de apenas duas palavras para os seus monges: “Ora et labora” (Reza e Trabalha). E a história monacal mostra quanta riqueza se produziu nos monastérios: invenções, descobertas, obras de arte, literatura, arquitetura, pintura. Lendo a vida de reis portugueses, aprende-se que eles entregaram aos monges áreas de pântanos. E eles transformaram os pauis em locais produtivos. E aqui, não foram os Jesuítas que civilizaram os índios, cujas muitas obras são hoje atrações turísticas? Pode não receber a consagração nas urnas, mas bem-aventurado o Político que, ao invés de oferecer benesses, proporciona trabalho ao seu povo. O gesto dos paulistanos deve ser imitado. São Paulo é a locomotiva do país. Que os demais Estados não sejam apenas vagões.