O “tempo da política” para a maioria dos eleitores é diferente do “tempo da política” para os formadores de opinião e políticos. Em média, 20% da população gaúcha costuma se interessar e conversar sobre política, cotidianamente. Por sua vez, os políticos fazem política quase todo dia!
Mas a grande massa do eleitorado “olha de canto de olho” para a política e, muitas vezes, “de cara amarrada” para os políticos.
No “tempo da política”, esse contexto muda um pouco de figura. É o tempo de renovação das esperanças, em que o eleitor pensa em continuidade, mudança ou apenas em renovação. Mesmo desconfiando da política, faz um voto de confiança na pessoa de um candidato. Afinal de contas, o voto é obrigatório.
O “tempo da política” começa quando se inicia a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, quando os candidatos impulsionam suas postagens, pedindo votos nas redes sociais.
Essa temporada ganha força nos últimos 15 dias de campanha. Nesse momento é que o eleitor começa efetivamente a analisar ou a cristalizar sua decisão eleitoral. Enquanto os políticos pensam que estão na reta final, os eleitores podem estar trabalhando em uma “espiral do silêncio”, trocando ideias e chegando a conclusões sobre os competidores. E é nessas duas semanas finais que tudo pode acontecer, inclusive o improvável.
Esta é uma eleição ímpar pela intensidade da polarização, da radicalização entre esquerda e direita. E o eleitor sabe disso! Tanto o é, que está mais disposto em participar do pleito. As pesquisas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião identificam que o eleitor está mais a fim de participar do pleito do que nas últimas eleições, pelo menos, votando para Presidente. Tal comportamento tende a diminuir a tendência de votos brancos, nulos e as abstenções vistas nas últimas eleições, podendo resultar na ampliação dos votos válidos para todos os cargos eletivos.
A grande pergunta dos candidatos é sobre os fatores de decisão do eleitor. O que o eleitor fará nestas duas semanas finais de campanha? Via de regra, o eleitor está seguindo o fluxo natural das campanhas, sendo impactado pelo visual de rua, pelos comerciais de rádio e televisão e pelas postagens e compartilhamentos nas redes sociais. A novidade está na retomada da importância da rede de relacionamento, nos “oráculos” que o eleitor irá procurar para trocar percepções. O eleitor irá consultar um familiar, amigo ou colega de trabalho que entende mais de política, buscando informações sobre candidatos ou trocando ideias.
Por incrível que pareça, o retorno do bate-papo, presencial ou virtual, sobre política está associado ao crescimento das Fake News e às indisposições ocasionadas nos grupos de WhatsApp. Na eleição de 2018 cada um dava a sua opinião. Na eleição de 2022 as pessoas procuram formar a sua opinião com seus “pares”, que têm pensamento similar. Esse comportamento ampliará o fenômeno chamado de “bolhas de informação”, só que neste caso, de forma híbrida, que pode ser na plataforma digital ou na conversa da mesa de bar.