Salvem os campinhos!
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sexta, 21 de maio de 2021

Nunca fui fã de videogame. Nunca mesmo. Hoje em dia tem gente que ganha dinheiro, muito dinheiro, jogando. Deus foi tão generoso comigo e nem me fez perder tempo, pois sabia que eu não iria evoluir. É aquela coisa: se não gosta do que faz, a tendência de não dar certo é maior. Portanto, videogame pra lá, eu para cá.

Lembro dos bons e velhos tempos de infância, quando vários dos meus amigos se divertiam jogando videogame e, enquanto isso, eu os esperava para irmos jogar bola. Talvez por isso o meu santo não batia com esse passatempo. Até por que meu tempo não passava enquanto eu aguardava a turma para rolarmos a bola nos campinhos lá da minha terra.

 

Por falar em campinhos, que saudade deles... Hoje em dia, salvo engano de minha parte, nem sei se ainda existem. A gente podia escolher aonde jogar. Em cada esquina tinha um. Mas o tempo foi passando, as gerações mudando, e os prédios foram tomando conta de nossos espaços. Até hoje quando vou visitar minha família comento com a patroa: “ali tinha um campinho. Ali a gente era feliz”.

Sempre defendi a tese de que o morrinho artilheiro, que cansou de enganar vários e vários goleiros, nasceu e cresceu em um campinho. Aí ele ganhou o mundo, fez mestrado e doutorado e foi parar nos gols do Fantástico, uma hora no Maracanã, outra no Morumbi, e assim por diante. Ele se destacou na TV, fez fama, mas se criou lá, em nossos campinhos.

Talvez a geração de hoje não vá saber o que era fazer goleiras com estacas, ou com uma pedra aqui e outra cinco passos mais pra lá. E com certeza eles vão rir quando a gente dizer que várias de nossas balizas eram feitas de chinelo Havaianas. E os esfolões, que na época doíam e depois ardiam após a passada de Merthiolate, hoje ecoam em nossas lembranças como vida. Aquilo, sim, era vida!

Uma pena que já não se vê mais a gurizada correndo atrás de uma bola em um campinho. E se eles ainda existem, já não são como antigamente. Salvem os campinhos, ainda há tempo! E ninguém melhor do que nós, que sabemos muito bem o que era aquilo, para carimbar e assinar: lá a gente era feliz e não sabia.

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