Sou prática e, por conseguinte, me estressa o excesso de reuniões, principalmente, aquelas que poderiam ser resolvidas com um e-mail (se bem que, quem exagera em marcar reuniões, também exagera no envio de e-mails). Achei que era ranço meu, ou a velhice chegando junto com a impaciência por não suportar reuniões infrutíferas e que muitas vezes descambam para terapia em grupo. Contudo (e graças a Deus), a Harvard Business Review atestou em pesquisa realizada nos Estados Unidos em novembro de 2021, que o motivo principal para acabar com a produtividade das equipes é o excesso de reuniões. Ainda, que essa overdose acarreta estresse e a sensação de esvaziamento, de perda de tempo e de energia. O estudo estipulado "A psicologia por trás da sobrecarga de encontros" aborda as armadilhas psicológicas que nos levam a agendar e participar de reuniões e como podemos equacionar nossa comunicação de uma forma mais saudável em busca de agendas mais leves. Alguns pontos foram levantados com a pesquisa e servem para reflexão e melhora nas boas práticas tais como:
- Urgência Egoística: movida por nossos interesses, mesmo que aparentemente maquiados de coletivos, que forçam uma celeridade em coisas que podem esperar, muitas vezes, forçando todos a mudar seus calendários para acomodar.
- Ignorância Pluralista: quando supomos que somos os únicos frustrados depois de reuniões que não levam a nada, mas na verdade o sentimento é coletivo.
Outra pesquisa do MIT Sloan, realizada com 76 companhias globais, comprovou que o espaço livre nas agendas promove mais autonomia e menos estresse. Por sua vez, a Associação Brasileira de Psiquiatria também revela o malefício desse excesso para a saúde mental dos funcionários de acordo com estudo realizado no final de 2020. Claro que o trabalho remoto acentuou esse quadro, com as videoconferências disputando nosso precioso tempo. Tanto que 68,6% dos psiquiatras entrevistados aumentaram as prescrições de psicoterapia aos pacientes. Proteger a agenda é se preservar emocionalmente e a conversa sobre essa pauta não é "papo de comadre". A coisa é séria, por isso surgiu nos EUA o “no meeting day", buscando reduzir as reuniões e fazendo refletir sobre o propósito de agendarmos. Respeitar o tempo do outro e sinalizar se é indispensável ou facultativo a presença é louvável. A saber, reuniões devem ser breves, respeitando o horário de término e abordando pautas que necessitem ser legitimadas e discutidas. Do contrário, usar o e-mail ainda é o caminho corporativo, mesmo que as mensagens via WhatsApp estejam em voga. Lembre-se, por mais intimidade que tenhamos com um grupo, o momento da reunião exige certa formalidade e sinceramente, se você levantou virado com o mundo e ainda bateu com o dedo do pé na quina da cama, esse é um problema exclusivamente seu, e ninguém tem nada a ver com isso. A etiqueta corporativa deve ser cumprida e os excessos, deixados de lado.
Bons Ventos! Namastê.