Já é bastante difundido o entendimento de que os resultados do trabalho não são apenas relativos a salários, prêmios, reconhecimentos públicos, mas também como cada um se sente em relação às atividades profissionais. Já abordamos neste espaço sobre o que está ocorrendo com parte dos trabalhadores na China com o “tang ping” (ficar deitado), e nos EUA com a “great resignation” (ou grande resignação) e no Brasil com o “apagão de trabalhadores”, pela crescente falta de gente disposta a ocupar as vagas emprego disponíveis.
Estudos mostram percentuais significativos e crescentes, muitos deles com mais de 50% de profissionais insatisfeitos ou infelizes com o seu trabalho. Profissionais que simplesmente cumprem o horário, evitam os compromissos que podem, não querem se envolver, nem saber dos resultados da sua unidade de negócios, nem da empresa, tem mais tendência a se declarar insatisfeitos e infelizes no trabalho. Evidentemente, é preciso se perguntar quais são as causas, os motivos para viver e trabalhar, destas pessoas, pois quem está infeliz no trabalho certamente não rende todo o potencial. Porque há tanta gente insatisfeita no trabalho e o que as faz infelizes com a atividade? Quantas causas da insatisfação são externas e quantas são internas, ou seja, da própria pessoa?
Tenho a impressão de que as pessoas mais felizes com o trabalho foram as que fizeram da atividade profissional uma causa para contribuir com o mundo à sua maneira. Gosto de ler e ouvir histórias de pessoas que se destacam em diferentes setores e atividades e esta diferença entre ter um trabalho ou ter uma causa é muito evidente nas pessoas que tem grandes feitos na história, nos negócios, nas profissões, na política, no voluntariado, nos esportes, na religião...
Já ouvi gente que gostaria de estar em níveis mais altos da hierarquia, ou em atividades mais relacionadas ao que mais gostam de fazer, dizendo que quando estiverem no lugar que almejam, vão se comprometer e produzir bem mais do que atualmente. Sempre que ouço sobre um caso assim fico pensando como é que alguém vai ser lembrado para uma promoção no trabalho atual, ser convidado ou indicado para um trabalho novo, melhor, mais valorizado, se na atividade atual, é pouco produtivo e não se destaca? O mundo, via de regra acaba entendendo que se a pessoa não dá conta e não é produtiva com o que tem hoje, possivelmente não dará conta de algo maior, ou mais complexo.
Se eventualmente seja o caso de alguém que você conhece, sugiro uma reflexão com perguntas como “Como você deseja ser reconhecido/a no meio profissional?”, “Como você está se mostrando para o mundo do trabalho?”, “Qual é a imagem mental que os seus colegas de trabalho têm de você e passam para quem eles conversam eventualmente ao seu respeito?”. As respostas a estas perguntas vão definir as condições de avançar ou não na carreira para uma atividade profissional mais desejada.
Qual é a sua causa pessoal e profissional? Quem ainda não tem uma ou mais causas profissionais para buscar com dedicação e muito envolvimento, sugiro que tente olhar o que deseja do trabalho como uma causa para contribuir com o mundo. Recomendo que faça do trabalho e do que quer com os resultados dele, a sua causa profissional. O engajamento no trabalho atual, na empresa, na relação com os colegas, com amigos e família vai mudar e muito.
Quem consegue entender seu trabalho como uma causa, apaixona-se pelo que faz, gera inspiração, encontra a sua motivação e aumenta em muito a satisfação pessoal e profissional.
Pense nas pessoas que você admira pessoal e profissionalmente. Veja se não é evidente que elas têm uma causa, lutam muito por ela tendo como consequência reconhecimento e os resultados que você também gostaria de ter?
Um abraço e até a próxima!