Compostagem doméstica: um modo simples de produzir adubo orgânico
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quarta, 29 de junho de 2022

Você sabia que cerca de 50% do resíduo gerado em sua residência é orgânico? E além disso, que este resíduo pode ser transformado em adubo para produção orgânica de hortaliças, flores e frutos? É isso mesmo, e sem custos, na sua própria casa.
O processo de compostagem transforma resíduos de matéria orgânica (cascas de frutas, restos de alimentos, sobras de verduras e legumes, cascas de ovos, erva mate, borra e filtro de café, ...) em adubo orgânico. Produzir compostagem caseira é algo muito simples, demanda poucos materiais e gera inúmeros benefícios, pois devolve à natureza os recursos naturais e evita o descarte de resíduos orgânicos em aterros sanitários.
Quer saber mais? Acesse a verão digital do Jornal AU, lá vamos ensinar como fazer um sistema de compostagem caseira.

O processo de compostagem transforma naturalmente os resíduos de matéria orgânica em adubo orgânico. Sinta-se desafiado a contribuir com o meio ambiente, transformando os resíduos orgânicos em adubo através da compostagem caseira. 
Se você mora em apartamento, pode utilizar um sistema compacto de compostagem que é elaborado a partir de 3 ou 4 baldes, dispostos um sobre o outro e unidos com fita adesiva (os baldes devem apresentar furos no fundo, exceto aquele que fica em contato com o piso, sendo necessária uma tampa para o balde de cima da pilha). Você pode então depositar diariamente os resíduos orgânicos no segundo balde da pilha, e misturá-los a uma fonte de carbono (pode ser serragem, maravalha, folhas secas, ...). A proporção da mistura deve ser de 3 partes da fonte de carbono para 1 parte de matéria orgânica. Como os baldes são conectados um ao outro, com furos no fundo, o chorume (líquido) gerado no processo de decomposição da matéria orgânica fica armazenado no primeiro balde da pilha, podendo inclusive ser utilizado como biofertilizante. No momento em que o balde que estiver recebendo os resíduos estiver cheio, basta passar a utilizar o balde de cima, repetindo o processo. De maneira geral, em um processo de compostagem, a transformação da matéria orgânica em adubo ocorre em um período de 90 a 120 dias.
Uma composteira que esteja funcionando corretamente não deve apresentar mau cheiro. Contudo, se apresentar maus odores, deve estar com excesso de umidade ou ainda com desiquilíbrio na relação entre matéria orgânica e fonte de carbono. 
Mas só existe esse sistema de compostagem? A resposta é não. Caso você resida em uma casa, com espaço de pátio, você pode utilizar o sistema de compostagem em bombonas. Nesse sistema, basta pegar uma embalagem plástica (40 litros ou mais), podendo ser uma bombona ou alguma outra estrutura com tampa, que contenha alças, mas sem o fundo. Fazer um buraco no solo (50 a 80 cm de profundidade), enterrar esta embalagem plástica até a altura da tampa e passar a colocar diariamente dentro deste vasilhame os resíduos orgânicos e fontes de carbono. Quando a bombona estiver cheia de resíduo orgânico ali depositado, retire a embalagem de dentro do buraco (puxar pelas alças, lembrando que este vasilhame não tem fundo). Então, faça um novo buraco (ao lado do primeiro local) e repita o procedimento. Quando estiver com 3 ou 4 locais já utilizados (materiais orgânicos enterrados nos buracos feitos no solo), o primeiro local (buraco) já vai estar com o material orgânico decomposto, basta retirar do solo todo o adubo gerado naquele primeiro buraco e estando este primeiro buraco vazio, basta recolocar a bombona ali novamente e repetir todo o ciclo do processo (uma só bombona e até 4 locais em uso).
Veja a ilustração dos dois sistemas, e analise qual dos dois adapta melhor a sua residência.

A compostagem proporciona muitos benefícios, seja no contexto ambiental, social ou econômico. Exemplo disso seria a economia de recursos financeiros que todos os municípios consorciados ao CIGRES passariam a ter as quantidades menores de resíduos orgânicos fossem destinadas ao aterro sanitário. A fração de resíduos orgânicos é a mais pesada nas cargas diárias de resíduos que são encaminhadas pelos municípios ao Cigres, o que impacta diretamente no custo municipal mensal (por tonelada) de manutenção deste serviço. Faça a sua parte, realize a compostagem em sua residência, o meio ambiente agradece.

Willian Fernando de Borba
Engenheiro Ambiental e Sanitarista, Mestre em Engenharia Ambiental e Doutor em Engenharia Civil. Atualmente é coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do campus da UFSM/FW.
Colaboração: professora Patrícia Rodrigues Fortes

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