Passamos a vida nos deixando influenciar, mesmo quando temos fortes convicções e um sistema de crenças bem consolidado. E, embora haja resistência para os que defendem suas ideias de forma mais fervorosa, é certo que em algum momento cederão às influências externas advindas dos meios de comunicação de massa (rádio, TV, jornal) ou pela febre dos influenciadores digitais. Com a produção de conteúdos digitais em alta, assim como a democratização nas interações pelas redes sociais, chega a ser assustador o número de pessoas que abalizam suas vidas pelos blogueiros, youtubers, instagramers ou outro codinome que designe “influenciadores digitais”. Nesse momento, nos cabe uma pausa a fim de entender quem seriam os influenciadores, propriamente ditos: pessoas (celebridades na área do esporte, moda, artistas, intelectuais, etc.) que possuem grande capacidade de mobilização social e persuasão, ou seja, personalidades. Ocorre que o que se vê em tempos atuais são pessoas que fazem o caminho inverso, buscando fama, dinheiro e sucesso, sendo um influenciador digital e tentando se tornar uma celebridade. A pauta ganhou tamanha proporção que tem até coach se propondo a ensinar em como se tornar um influenciador digital! Daí, o que ocorre é muito barulho nas mídias sociais de gente “fazendo espuma” e dando reality show de suas vidas, mas sem domínio de conteúdo ou procedência de origem. Evidente que a internet é um território livre e tecnicamente todos somos influenciadores. Porém, existem aqueles que se autodenominam como tal, mas na verdade são uma cópia mal feita de uma celebridade ou socialite, e vale lembrar que não se compra um título de socialite. Pois, para ser socialite não basta ter dinheiro ou ser figura constante nas mídias sociais e em eventos beneficentes e culturais. Ser socialite é carregar o histórico de uma família bem sucedida, ter cultura e, acima de tudo, classe, o que podemos chamar de “ter berço”, e isso não se compra na primeira esquina, tampouco se ganha com o sobrenome do cônjuge. Estou longe de evocar ou enaltecer um socialite, mas aqui o que incomoda é gente que tenta ser o que não é e ainda tenta influenciar. E para quem deseja seguir influenciadores, que ao menos tenha o crivo de seguir certo, mesmo que seja a chatinha mimada da Paris Hilton, que pelo menos é legítima. Existem indicadores que mensuram o grau de sucesso de um influenciador como o “klout”, levando em conta o alcance da audiência, a ressonância (repercussão) e o fit (relevância), mas não vou entrar em assunto técnico quando aqui nos cabe refletir até que ponto seguimos nossas vontades sem nos deixar influenciar. Não há culpados nessa epidemia em que se deixou levar a sociedade pelos influenciadores, pois eles só perduram porque existem seguidores. O que talvez mereça ser analisado é de como conciliar todo esse revival de busca por consciência, reflexão, estado de alma e equilíbrio com o lado mundano, muitas vezes promovido pelo consumo desenfreado de coisas que nos deixamos influenciar e não condizem com nossa natureza. A decisão é nossa do quanto queremos preservar de nossa identidade ou “Ser núcleo de cometa, não cauda. Puxar fila, não seguir” (Monteiro Lobato).
Bons Ventos! Namastê.