Na praia – especificamente a beira mar –, é possível assistirmos cenas dantescas daquelas de dar inveja aos melhores folhetins, tendo como protagonistas os casais. Ataques de águas-vivas, crianças perdidas e socorro ao mar perdem de longe aos barracos que ocorrem entre casais na orla. As crises, quase sempre motivadas por ciúmes e/ou insegurança, são o carro-chefe das discussões que nos colocam como telespectadores de um teatro a céu aberto. Esses espetáculos gratuitos de sandices não escolhem gênero, idade ou classe social no seu casting de atores e, apesar de criticar, que jogue a primeira pedra quem nunca protagonizou algo no gênero. Os olhares são os grandes vilões da história e teríamos uma novela a discorrer sobre isso, onde homens adoram espreitar, enquanto as mulheres são expertises em monitorar seus olhares a ponto de deduzi-los antes que sejam realizados. Sexto sentido? Intuição feminina? Isso e tantos outros predicados femininos ainda indecifráveis aos homens, não sendo por acaso as mulheres terem como codinome: feiticeira, maga, bruxa... Pois são sensitivas – umas mais, outras menos –, de modo que sabem das coisas mesmo quando não querem saber. O enredo costuma ser o mesmo, despertado por alguma bela figura a desfilar suas curvas a beira-mar. Nesse momento, várias possibilidades se anunciam de modo tragicômico para quem assiste o show que irá começar. Homens disfarçam o olhar com seus óculos de sol, olham de imediato para o chão ou para o lado oposto ao da beldade ou, no desespero de não serem pegos apreciando o proibido, tacam um beijo na parceira lhe fazendo elogios a tempos não escutados. Mulheres – sozinhas ou acompanhadas –, ao avistar a concorrente, ou olham para o parceiro com cara amarrada ou se olham, como se buscando uma comparação imediata. E como olham... Muitos regimes e cirurgias plásticas são decididos naquela hora, na eterna busca pela perfeição e disputa feminina sobre quem é a mais bela. E as bonitas, o que fazem? Devem usar burcas? As bonitas deviam ter seguro de vida gratuito, pois se inveja matasse estariam todinhas exterminadas, sem antes padecerem com algumas torturas. E assim caminha a humanidade... Valores invertidos, culto exagerado ao corpo, deslizes por luxúria, brigas por vaidades e ciúmes, crises de insegurança e contas no vermelho por contínuos tratamentos estéticos. De quebra, alguns óbitos por imperícia médica em procedimentos operatórios. Para romper com esse paradigma esteta, há muito tempo os comerciais promovem a libertação do corpo das convenções estipuladas. É ir na praia com o corpo que se tem e ainda gostar dele, porque quem tem que gostar dele somos nós e não os outros. Achou difícil? Um pouco, mas não impossível, basta focar em si e desapegar de se comparar com modelos que nem você acredita que lhe representem. É a incineração das cangas e o adeus às neuras com gordura localizada e celulites. Aprenda a olhar para alma, a começar pela sua, e se surpreenderá. Somos criação divina e bonitos por natureza, tendo apenas o acabamento diferente. Falta muito para encerrar o verão e você ainda tem chance de fazer as pazes com o espelho e ser feliz na praia. Acima de tudo, lembre-se: o problema não é do parceiro que olha o belo, tampouco da menina bonita que passa. Assuma...! O problema é a sua insegurança e insatisfação consigo mesma e isso, só você pode curar, pois “A vaidade é o caminho mais curto para o paraíso da satisfação, porém ela é, ao mesmo tempo, o solo onde a burrice melhor se desenvolve” (Augusto Cury).
Bons Ventos! Namastê.