Quando o ano sabático bate à porta
**Os textos de colunistas aqui publicados são de sua total responsabilidade e não refletem a opinião do jornal O Alto Uruguai.
segunda, 06 de dezembro de 2021

Somos ensinados a seguir uma cartilha em nossas vidas como cursar uma faculdade (hoje em dia, soma-se à lista as pós-graduações), buscar estabilidade financeira antes dos 30, talvez casar e ter filhos. Se quando criança, nossa rotina era organizada pelos pais que nos lotavam com aulas de balé, música, idiomas e a prática de algum esporte, damos continuidade a essa infinidade de coisas durante a vida adulta. Assim, os anos passam e quando vemos, muitas dessas metas se concretizaram. O choque é quando do nada você começa a se questionar o porquê das coisas? Do porquê fez tais escolhas e se dá conta que mesmo tendo sido um “aluno nota dez”, você não está feliz. Não, não estamos falando de desmotivação momentânea, mas de um possível desvio de rotas. São aqueles momentos que os “insights” são instantâneos e a compreensão imediata da vida chega como uma avalanche. Nessas horas, o que fazer? Fingir que está em um pesadelo e irá acordar? Achar que surtou de vez por querer mudar o estado das coisas? “Keep Calm” (mantenha a calma) e não pense que o seu mundo vai acabar, pois talvez ele esteja só começando. Apesar de serem vários os motivos que nos levam a repensar a vida, todos levam a insatisfação em relação a algo. Tem gente que apesar de ser valorizada em seu trabalho, não se sente realizada. Outras, obtiveram crescimento financeiro, mas são infelizes. Há casos, de pessoas que ainda não se encontraram e não sabem o que querem da vida. Continuar levando a vida, depois dessas ilações é quase que impossível, então, o jeito é mergulhar em um período sabático de autoconhecimento. O termo “sabático” é oriundo do judaísmo “sabá”, que significa dia do descanso. Aqui, o sentido ganha nova roupagem e se refere a uma pausa para se desconectar de situações de pressão, decepção ou cansaço. Embora o ideal nesses momentos seja viajar sem destino ou sumir do mapa, nem todos conseguem, seja por obrigações de trabalho ou familiares. Daí o jeito é “soltar o freio de mão” e tentar levar uma vida a “Domenico De Masi”, escritor italiano que defende o ócio criativo e diz que “O futuro pertence a quem souber libertar-se da ideia tradicional do trabalho ou dever e for capaz de apostar numa mistura de atividades, onde o trabalho se confundirá com o tempo livre...”. Antecipando os votos de Ano Novo, desejo que todos tenham em algum momento da vida, o seu ano sabático e, que se permitam quebrar o status quo se as coisas não estiverem bem. Já, para os que decidirem levar vida de viajante – como o mestre Gonzaga entoava em seus versos “Minha vida é andar por esse país, para ver se um dia descanso feliz...” –, que a alma siga leve e não se apresse em encontrar, pois talvez ainda não saiba o que buscar. 
Bons Ventos! Namastê!
 

Fonte: