Há exatos 35 dias de celebrar o Natal, já é possível perceber sua chegada ao transitar pelas ruas e observar vitrinas e locais públicos decorados. Chega o momento de montar a árvore de Natal, de repor as bolas que quebraram e fazer a lista de presentes. Também, decidir onde será realizada a Ceia que eu chamo de “reencontro”, após dois anos de pandemia e distanciamento social. Pena que nesse reencontro, não teremos mais como abraçar alguns afetos que a vida tratou de levar. Talvez possa servir de reflexão e prática, valorizar mais as presenças e o tempo que alguém dedica para confraternizar conosco e deixar os “Enquanto” de lado. Não é mais tempo de conformar, mas: de fazer, de ver, de provar, de sentir e de viver plenamente o que nos é possível viver. Nosso dia a dia, sempre tão cronometrado, com prazos curtos para atingir aquela meta vital para organização ou entrar no peso almejado antes do verão chegar, nos remete ao senhor do tempo: Chronos. O deus grego Chronos – carrasco do tempo -, é limitador, quantitativo e regrado e nos faz agir no automático. Nesse cumprir de tarefas, onde até o que deveria ser lazer vira número em nossa agenda, faz com que detalhes importantes do cotidiano passem despercebidos. No tempo de Chronos há pouco espaço para surpresas e qualquer mudança de percurso, se transforma em uma difícil equação para adaptar o tempo. A notícia boa é que podemos continuar cumprindo nossas atividades, mas com qualidade, livre de pressões (ao menos as nossas), de forma mais amena e feliz se conjugarmos o tempo de Kairós. A noção de tempo representada por Kairós – filho de Chronos –, nos convida a viver com mais leveza, conciliando compromissos com as coisas que acontecem sem hora marcada. Kairós na tradução grega, significa “momento certo, oportuno” e nos ativa a sair do muro e resolver os “enquanto” da nossa vida (fim de ano chegando, talvez seja a hora!).
Enquanto sorrisos disfarçam mágoas.
Enquanto risadas sufocam gemidos.
Enquanto prazeres escondem o medo de amar.
Enquanto palavras oprimem gritos.
Enquanto estilos disfarçam medos.
Enquanto perdemos tempo nos maquiando para vida.
A vida passa, ligeirinho, sem frescura...
Nos deixando apenas um rastro do que poderíamos ter vivido.
Bons Ventos. Namastê.