Nossa Sociedade é dominada por um princípio, o da necessidade de controlar todas as situações, a chamada mentalidade da previdência. Tem-se, cada vez mais medo do imprevisível, do não programado. Este pensamento, quando considerado como um absoluto, contraria frontalmente a mensagem transmitida pela Liturgia da Palavra deste Domingo, o 1o Domingo do Advento C, que nos coloca em outra dinâmica: a necessidade da vigilância frente ao inesperado, a capacidade de esperarmos de Deus aquilo que Ele tem para nos oferecer, na gratuidade de seu amor para conosco.
Precisamos adquirir uma nova mentalidade, que parte do princípio de que nós jamais conseguiremos resolver todos os problemas e dificuldades que atingem nossa vida, neste mundo. Sempre seremos reféns das novidades boas ou más que podem aparecer.
Nossos antepassados na fé aprenderam, a partir da falta de recursos, a lição da pobreza e da incerteza que os levou a adquirir uma profunda confiança em Deus.
E Jesus nos ensina, com sua absoluta entrega à vontade do Pai, a importância de uma vigilância confiante, que sabe que a felicidade humana está em fazer a vontade de Deus, que se manifesta nos acontecimentos da normalidade de um dia a dia todo voltado para acolher aquilo que Deus nos pede, a cada instante.
O Senhor voltará a esta terra, sendo preciso estar vigilantes para os sinais reveladores de sua vinda. Nós cristãos, que buscamos viver com fidelidade cada dia de nossa vida, não tememos a volta de Cristo, porque procuramos responder com generosidade aquilo que Deus nos pede a cada momento.
A 1a Leitura deste Domingo (Jeremias 33,14-16) nos apresenta a visão que o profeta tem em relação à vinda do Messias Prometido. Deus, na sua fidelidade para com a Aliança e para com suas promessas, enviará o Salvador, que terá como título “Senhor nossa justiça”, o que significa dizer que Ele será a nossa Salvação. É preciso esperá-lo com vigilância.
Na 2a Leitura (1a Tessalonicenses) o apóstolo São Paulo invoca a ajuda de Deus para com esta Comunidade, que tem uma qualidade de vida cristã invejável. Lembra-lhes que o crescimento no amor e a perseverança na fé, dons do Espírito Santo, exigem o esforço pessoal e comunitário em colaborar com a Graça de Deus, que os levará a uma fé autêntica e a uma prática no bem exemplar.
No Evangelho deste Domingo (Lucas 21,25-28.34-36) nos é apresentada a segunda vinda de Cristo em que será efetuada a divisão definitiva entre os seres humanos: aqueles que receberão a vida eterna (levantarão a cabeça em sinal de vitória) e os que receberão a reprovação eterna (serão tomados de temor). É somente pela prática da oração, comunhão com Deus, que se pode escapar desta armadilha fatal que o mundo lança em nossa vida. A perseverança nesta comunhão nos conduzirá para o Reino eterno da Salvação.
A participação na Santa Missa nos mantém nesta vigilância exigida para aqueles que querem viver em comunhão com Deus, na eternidade. Somos convocados a responder a cada dia aos apelos do Senhor, vivendo com Ele a comunhão que a Sagrada Eucaristia realiza em nossa vida.