No Evangelho deste Domingo, vamos encontrar um contraste entre a mentalidade dominante nas realidades do mundo que valorizam o poder, as honras e os primeiros lugares frente as realidades do Reino de Deus, para as quais Jesus nos ensina o valor da humildade e do espírito de serviço.
Nosso Senhor nos propõe um outro modelo de vida, fundamentado no serviço, na entrega generosa de nossos dias pelo bem dos outros. Ele mesmo nos dá o exemplo disso, já que apresenta-se “como aquele que serve” (Lucas 22,27). Sendo Senhor e Mestre, ensina-nos com sua vida e com sua palavra a servir e a dar a vida pelo bem dos irmãos, sendo fiéis a Deus.
É assim que Jesus resolve a questão das precedências entre os cristãos: o mais importante é aquele que mais serve os demais. Os cargos são encargos e não honras fúteis. Na Igreja, a autoridade deve ocupar o último lugar, o lugar do serviço humilde e desinteressado.
Jesus vem ao mundo para salvar a todos e apresenta-se como Servo: manso e humilde de coração. No Evangelho encontramos os princípios da verdadeira autoridade, tanto no âmbito civil como nas esferas da Igreja: a autoridade deve ser exercida não por ambição, nem por prepotência, nem por vaidade e busca de glória. Autoridade é serviço, é generosidade desinteressada.
A autoridade está nos planos de Deus. Deus é contrário à anarquia. Mas a verdadeira autoridade é serviço para o bem comum.
O trecho que vamos escutar na 1a Leitura (Sabedoria 2,12,17-20) vai nos mostrar uma situação bastante atual: aquela dos maus que, não conseguindo deixar sua impiedade, pretendem arrastar os demais para a mesma situação.
É um trecho que revela sapientemente a atitude interior daqueles que sabem que estão errados e por isso insultam os que pretendem manter-se na justiça. O justo, com sua maneira de ser diferente, com sua mansidão, acaba se transformando de forma involuntária, em uma agressão para com aqueles que não querem converter-se. É certamente uma realidade muito atual esta: muitas vezes quem está afundado na lama, em vez de pensar em sair desta situação, acaba odiando e tentando prejudicar quem busca ter uma vida reta.
O trecho proposto para a 2a Leitura (Tiago 3,16-43) procura nos ensinar em que consiste a verdadeira sabedoria que vem de Deus. O Apóstolo nos exorta a fugir das desordens, da inveja e das rivalidades. O homem sábio é aquele que mantém uma conduta justa e honesta, acompanhada com autênticas virtudes da boa convivência. As discórdias e as divisões são provenientes da falta de equilíbrio e do predomínio do orgulho. Quem assim vive jamais será escutado por Deus, já que pedirá coisas erradas, alimentadoras do mal em si e nos demais.
Finalmente, aprendemos de Jesus, no Evangelho de hoje (Marcos 9,30-37) o verdadeiro caminho do discípulo: ser sempre disponível e compreensivo, através do espírito de serviço, da humildade, do acolhimento dos mais pequenos. Este espírito e estas atitudes práticas tornarão nossa fé adulta, provada, capaz de sustentar nossa vida e de nos colocar em íntima relação com Deus e no serviço dos irmãos.
Olhemos sempre para Jesus. É Ele o nosso modelo.