O assalariado e o sete de setembro
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quarta, 01 de setembro de 2021

O trabalhador brasileiro que vive do e com o salário, como retribuição do seu trabalho, não tem nenhum motivo para comemorar o sete de setembro nesse ano. E as razões para essa conclusão são muito óbvias. 
Vivemos atualmente em um Brasil da divisão política, onde de um lado estão os que são antibolsonaristas e, do outro, os bolsonaristas. Essa divisão doentia, que nos atinge de alguma forma, está impedindo que milhões de brasileiros possam raciocinar e entender em que país, de fato, estamos vivendo.
As donas de casa, menos céticas com a dicotomia política, já perceberam, há muito tempo em qual Brasil real estamos vivendo, e não são somente elas que sabem e perceberam a realidade. Os assalariados da iniciativa privada e dos entes públicos estão sentindo com muita nitidez a dor por pagar a conta da inflação que já chegou, do aumento desenfreado de preços e da impossibilidade de ver os ganhos aumentar.
A inflação que tanto nos assustou no passado, da qual já havíamos esquecido, é o fantasma que ressurgiu. Os preços não param de subir, o custo de vida aumentando, e muito, mas em contrapartida o salário está congelado. E pior ainda, o trabalhador nem sequer pode reclamar da falta de aumento de salário, precisa se conformar e agradecer porque ainda é um beneficiado que tem emprego e salário no fim do mês, quando mais de quatorze milhões de brasileiros, sequer emprego possuem. Essa é a triste realidade que chegou e se agrava.
Mas os aumentos abusivos de preços dos produtos e serviços não têm causado sofrimento e perdas apenas aos trabalhadores que vivem de salário. Os pequenos empresários, sejam da indústria, serviços ou do comércio, também estão sentindo os impactos da inflação e do aumento nos preços. Não conseguem repassar todos os aumentos para seus clientes e consumidores, são também vítimas de uma economia descontrolada. Aliás, não é descontrolada o termo mais adequado. É uma economia que privilegia os grandes, os banqueiros, os afortunados, os exportadores e empobrece todos os demais brasileiros.
Mas não posso dizer que são somente os grandes os beneficiados. Isso porque, existem principalmente outros três grandes beneficiados que andam em silêncio, e a razão é muito simples de entender esse silêncio. Estão arrecadando muito com o aumento de preços, arrecadando fortunas com impostos. É a União (governo federal), os Estados (governo dos Estados) e os municípios (governos municipais), e não concedem aumento de salário aos seus servidores públicos. E não digam que a União não ganha com isso, porque é ela a maior privilegiada com os aumentos, é ela quem mais ganha com os aumentos, e ganha muito mais.
Vamos a alguns exemplos. Só neste ano, a gasolina aumentou mais de 40%, chegando a 57% nos últimos 12 meses. O diesel subiu neste ano 34% e o gás de cozinha 17%. E paro por aí, sem falar dos materiais de construção, da carne, do arroz e de muitos outros produtos, e veja que não falei da energia elétrica. Desses produtos todos, a União leva uma fatia de 51%, de toda a arrecadação de impostos e distribui 49% entre Estados e municípios.
Por isso que no Brasil real não existe motivo algum para assalariados (públicos e privados), consumidores e pequenos empresários comemorarem neste sete de setembro. Por outro lado, alguns poucos privilegiados podem comemorar.
 

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