Pombo sem asas
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segunda, 09 de agosto de 2021

Veio à minha lembrança um dos tantos torneios de futsal que jogamos nos bons tempos de infância. Eram os intercolegiais. Não lembro ao certo em que ano foi, mas acredito ter sido no “tempo do epa”, como diriam os mais velhos.

As semanas que antecediam os torneios de escola nos deixavam numa ansiedade impressionante. A gente não via a hora de chegar logo o sábado para jogar de uma vez. Porque era quase sempre nos sábados. Acho que você passou por isso, também.

E a gente tinha certas rivalidades. Por sinal, quem não as teve em tempos de escola? As medalhas de cinco, dez pila, eram mais cobiçadas que aquela que o Marin surrupiou e enfiou no bolso na Copa São Paulo de 2012. E não era pelo valor, mas pela conquista. Até por que três meses depois elas estariam enferrujadas. Mas o título, esse ninguém tirava, e a gente ficaria posando de bonzão por um tempinho diante dos então rivais.

Chegamos às semifinais e enfrentamos os donos da casa. E quem estava apitando os jogos eram os professores locais. Longe de querer desconfiar, mas seria como os árbitros brasileiros apitando toda a Copa de 2014. Duvido que levaríamos aqueles 7 a 1. Ainda mais se o Marin estivesse por ali.

Torneios de escola sempre são competições de tempo curto. Se não me engano eram dez minutos corridos. A gente perdia por 1 a 0 e geralmente nesse tempo reduzido quem faz o primeiro gol, ganha. Mas, no finzinho, eu meti um pombo sem asas na gaveta, gol que levaria para a disputa de penalidades. Levaria, não fosse o juizão anular dizendo que a bola foi para fora. Adivinhe? Rede furada. Justo na gaveta. E o gol foi anulado.

Nunca meti um pombo sem asas tão bonito na minha vida. Fosse hoje concorreria ao “prêmio bucha”. Mas o gol não valeu. Nos desesperamos, choramos, esperneamos, mas não adiantou. O juizão caseiro anulou, amarelou meio mundo e ficou no 1 a 0 para eles.

Eu queria muito o título do torneio daquele sábado. O domingo seria de Dia dos Pais e, embora o meu já tivesse falecido, iria homenageá-lo com a conquista, o que só fez aumentar a frustração e a injustiça. E o pombo me traiu, pois mostrou as asas que parecia não ter e voou pra longe. Paciência... A medalha iria enferrujar mesmo...
 

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