O Brasil é uma colcha étnica de retalhos. De todos os países aqui chegaram alguns imigrantes, o que nos dá uma dimensão internacional (os gremistas detestam o termo...). O estrangeiro que aqui aporta encontra sempre uma nesga da terra de origem, o idioma, os costumes, as vestimentas, a religião, a educação. No Rio Grande e mesmo em FW, encontram-se descendentes italianos, poloneses, libaneses, japoneses, russos, eslavos, afros e, principalmente, os portugueses. Sob o braço africano repousou a economia imperial e não fossem eles não seríamos respeitados no futebol e nem teríamos Pelé. E sob a bandeira de Lisboa, nós afugentamos no passado os holandeses, os franceses, os ingleses. Da pátria-mãe herdamos o cristianismo e o idioma, “a última flor do Lácio” com aquela cobrinha, o til, em cima do ÃO! Hoje me deterei na etnia alemã, pois em 2024 comemorar-se-á o bicentenário.
Ergamos um hino aos teimosos alemães, que fundaram o Centro Cultural 25 de Julho, festejando 30 anos de existência. Lembremos o legendário Armandio Hoffman e o casal Veleda e Eduardo Von Baptista, o popular Casquinha, sempre atuantes e elétricos. Promovem a tradicional Julifest, abrilhantada com banda, em que atléticos e gordos germanos sopram clarinetes, dando o ritmo da animada marchinha e das valsas de Strauss. Monsenhor Vitor jamais dispensava estes conjuntos nas festas de Santo Antônio. A culinária típica exibe o gostoso Eisbein, acompanhado da linguiça e do inseparável chucrute, tendo como encerramento do cardápio a famosa cuca. Na bebida, para todo o alemão que se preza, o espumante chope, bem geladinho.
Não se pode falar da Alemanha, omitindo-se Hitler. Ninguém jamais esquecerá as atrocidades cometidas por este energúmeno e seus asseclas. Todavia, para que se compreenda o incompreensível, ele tem de ser inserido no contexto da história. A Alemanha fora destroçada na 1ª Guerra. O povo amargava as consequências. A inflação era tão alta que se ia ao mercado com um carrinho de mão cheio de notas. E aí ocorreu o roubo: o ladrão chegou, despejou as notas no chão, e saiu com o carrinho... Desesperado, o povo recorreu a um Messias. Após várias eleições, Hitler foi ungido o Führer do 3º Reich, com poderes avalizados pelas urnas. E não se pode negar, ele reergueu o País economicamente. Se por ações fraudulentas ou corretas, a História revelará. Incutiu na população a crença de que nas suas veias corria o sangue ariano de uma super-raça. Traduzindo o título “A Alemanha acima de tudo”.
Filosofia idêntica florescia no Japão, onde o Imperador era reverenciado como deus. No fim da Guerra, ao assinar a derrota, sem o manto da divindade, o Imperador provocou o suicídio de centenas de japoneses desiludidos. Onde quero chegar: finda a 2ª Guerra em 45, estas duas nações estavam arrasadas. A aviação aliada bombardeou toda a indústria alemã, e no Japão sofreram ainda as consequências das bombas atômicas. A força jovem e adulta foi dizimada nas lutas, sobrando mulheres, velhos e crianças. Contudo, a devoção pela pátria, a vontade indomável de erguer o país, situam hoje, Alemanha e Japão, entre as cinco maiores potências do mundo. Em nossa cidade, reverenciamos o nome que tem origem na Westphalia, e todos os bispos da nossa Diocese carregam sotaque germânico – Hoffmann, Maldaner, Hastenteufel e Keller.