Vivemos no Brasil atualmente tempo oportuno para refletirmos sobre a tolerância e a resiliência. A tolerância significa capacidade para suportar, aceitar o contraditório, respeitar o diferente, a cultura, a moral, as atitudes diferentes das nossas. A resiliência é a capacidade de se recuperar de situações difíceis, de se adaptar as realidades de mudanças de aprender cm experiencias adversas. Pois o cenário político nacional exige essas duas virtudes. A necessidade de tolerância é uma garantia da aceitação do direito de liberdade, de expressão e de agir de cada um. Não quer dizer concordar com determinados valores opiniões ou opções. Discordar, afinal é uma das formas de respeito.
Ao contrário, a intolerância se caracteriza pela atitude das pessoas diante da indisposição ou da falta de vontade em reconhecer e respeitar no outro suas crenças e opiniões, o que se manifesta pela falta de disposição em aceitar pessoas com pontos de vista diferente. Ser intolerante, portanto, é ser um sujeito com atitudes hostis, negativas, em relação as formas de ser e de agir dos outros.
Me refiro a necessidade de tolerância e resiliência pois nos últimos tempos a política brasileira dividiu-se entre dois opostos políticos, evidencia-se um alto grau de intolerância de grupos com opiniões políticas diferentes. Um defendendo o presidente outros construindo um caminho oposto da mesma forma fervorosa de agir.
O que não se pode admitir é a intolerância, venha ela de quem vier. Até porque, se é verdadeira a premissa de que “violência gera violência”, também é verdadeiro concluir que intolerância gera intolerância. Logo, desde o pacto inicial do Estado, quando os indivíduos abriram mão da vingança privada em favor do Estado em troca de segurança e da garantia da sobrevivência, é do Estado o dever de controlar e punir os intolerantes. Então o crime é o mesmo para os defensores de qualquer uma das correntes ideológicas quando agem de forma intolerante.
Buscando na cultura religiosa cristã e judaica, encontramos preceitos que pregam o discernimento das pessoas para compreender a realidade, de forma ampla, de compreender tudo o que compõe o contexto de existência humana. As religiões em seu todo, pregam a disposição para o respeito ao próximo, para o diálogo, para a necessidade de tolerância entre as pessoas, essa crença precisa ser resgatada.
É preciso ser compreendido também, que não existe uma verdade única em relação à política, a religião, a cultura e outras tantas coisas deste mundo. É preciso abolir e superar a fase do “olho por olho e dente por dente”, é preciso diálogo, compreender e respeitar as atitudes dos outros, a diversidade, o ser e pensar diferente sem que isso seja motivo para excluir. Não sobrevive uma corrente pensante que tenha como proposito destruir o diferente, todos perdem com a intolerância.
Superar e vencer a intolerância não é tarefa fácil, se fosse, já teriam inventado a fórmula. Qualquer tipo de radicalismo é perigoso e prejudicial à sociedade, por isso, a racionalidade e a resiliência nos apontam caminhos, é preciso entender que existem formas diversas de viver, de pensar e de agir, seja na política e nas demais situações da vida. Somos todos frágeis, por isso a importância da paz, a necessidade de tolerância e resiliência, do respeito e do auxílio mútuo. Para superar as contradições, a melhor receita sempre foi e ainda é investimento em educação, no diálogo e no respeito pois são capazes de transformar as pessoas, com tolerância e resiliência é possível. Por fim, é muito oportuno o pensamento de que tanto a sarjeta da esquerda quando a da direita da estrada são perigosas e não servem para a viagem, o centro da estrada é o caminho para seguir em viagem e chegar em algum lugar.
