Normalmente, o ser humano é mimado e acostumado a escutar apenas o que lhe convém, rejeitando realidades menos convenientes como a crítica. O medo de rejeição e da própria crítica indica resguardo sobre o que queremos manifestar, nos deixando inertes e sem atitude. Essa mudez tem se acentuado nos últimos tempos, já que os atores nas redes sociais não perdoam nada e a criticidade está em voga. Que lástima…! Se soubéssemos ouvir com atenção as críticas que nos fazem, e fazê-las aos outros de maneira cortês e sem desmerecer, talvez as coisas fossem diferentes. É saber fazer a famosa “crítica construtiva”, que visa orientar e dar feedback (mesmo que negativo) de forma elegante e com amorosidade. A maturidade emocional é o antídoto que nos ajuda a fazer e receber críticas sem destemperar, pois criticar é uma arte que não combina com a falta de polidez e com atitudes jocosas. Sempre escutamos que o mundo não é “um mar de rosas”, o que nos faz entender que algumas vezes teremos que escutar coisas desagradáveis, inclusive de pessoas que amamos. Apesar do desconforto emocional, que isso possa nos causar, não é algo de todo ruim se soubermos receber a crítica de coração aberto e mente serena, aceitando as verdades e abstraindo as contradições.
Uma das melhores resenhas sobre a crítica está na fala de Roosevelt, em seu discurso proferido em 1910, na Sorbonne, em Paris: “Não é o crítico que conta: o crédito pertence ao homem que está realmente na arena, cujo rosto está sujo de poeira, suor e sangue; que se esforça corajosamente; que fracassa repetidas vezes, porque não há esforço sem obstáculos, mas que realmente se empenha para realizar as tarefas; que sabe o que é ter grande entusiasmo e grande devoção, e que exaure suas forças numa causa digna; que no final descobre o triunfo das grandes realizações e, caso venha a fracassar, pelo menos fracassa ousando muito, de forma que o seu lugar nunca será junto das almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória nem a derrota”. Carregar raiva e descontar em críticas é sinal de destemperança e desequilíbrio emocional, pois guardar raiva “é como segurar um carvão em brasa com a intenção de atirá-lo em alguém; mas é você que se queima” (Buda).
Que nossas destemperanças sejam por exageros de felicidade, já que a ira “em nada afeta as pessoas responsáveis por causá-la” (Nietzsche), restando nós, no marasmo de noites maldormidas, ruminando o mal alheio.
Bons Ventos! Namastê.