A ingratidão é um soco no benfeitor
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sexta, 27 de dezembro de 2024

Ao paciente e simpático Leitor que estiver lendo esta coluna pediria que parasse agora, fechasse os olhos e refletisse: Se Você está lendo, é porque está vivo e sadio. Se está lendo, é porque foi criado numa família regular, foi alfabetizado e até possui algumas posses que lhe permitissem a assinatura do jornal. Alguém o presenteou com estes favores: Você poderia não ter nascido, não escolheu a família, a cidade, o sexo e os atributos que adornam sua personalidade. Quem foi este alguém, este benfeitor? Pode até não querer admitir, mas só há uma resposta: DEUS.

 

Nós geralmente somos gentis. Se nos cedem o lugar, se juntam um papel caído, se nos dão a preferência, nós nos desmanchamos em OBRIGADOS. E Você já disse OBRIGADO a Deus que o cumulou de tantos obséquios? Se Você vai à igreja, normalmente gasta o tempo em PEDIDOS. Reza pedindo proteção, saúde, segurança. Reza para que se concretize aquele negócio, conquiste o emprego ou a promoção, um bom tempo (se está chovendo, que venha sol; se faz calor, que as nuvens derramem água), boa viagem, boas notas, que o parto seja coroado de êxito –  é um rosário interminável de pedidos  remetidos ao Pai do Céu. AGRADECER? Esqueceu!!!

 

Sejamos realistas: a gente nunca se lembra de agradecer à esposa que a sopa estava bem temperada. Mas ai dela se exagerou no sal. A gente fica feliz com o desempenho do filho na escola. Mérito do filho!!! A professora parece, nem esteve em aula. Fiz o gol, mas quem deu o passe? O guarda me dá proteção contra o ladrão, contra o bandido, e jamais recebeu um Bom Dia. Tomado o remédio, receitado pelo médico, alguém lhe telefonou, que fez efeito? Você já comprou frutas, doces ou quinquilharias do mascate na rua, que tenta ganhar a vida com a carrocinha? Provavelmente irá se justificar: “Isto aí, eu tenho pra vender...” A gente pensa que cumpriu seu dever cristão, porque foi à Missa. No entanto, o padre que a reza, jamais faltou com o compromisso litúrgico e sempre com pontualidade britânica. Nunca se ouviu dizer que não houve Missa, porque o padre ficou dormindo ou tinha se esquecido. Bem ou mal, curto ou longo, ele faz o seu sermão. Alguma vez Você elogiou a sua homilia? Embora não seja do seu Partido, já expressou ao Prefeito como ficou iluminada a Cidade com o natalino ‘Frederico em Luz’? Nós TODOS somos rápidos na crítica e lerdos no elogio, céleres em culpar, mas lentos em desculpar.

 

Muitos poderão alegar que não recebem benesses e vivem com infortúnios, mazelas, desgraças, de todos os gêneros e tamanhos. Que Deus se esqueceu deles. Lembrem do Jó da Bíblia. Perdeu bens, patrimônio, a família e a saúde. Jamais amaldiçoou a Deus. Recebeu tudo de volta, em dobro. Um pai, quando surra um filho, é por que não gosta dele? Deus jamais permite o Mal, se dele não extrair um Bem maior. É útil e intrigante recordar o Episódio dos Dez Leprosos. Na época, a lepra era uma doença terrível, incurável e os doentes viviam isolados em grutas. As carnes apodreciam, desfigurando o corpo. Ouvindo que Jesus entrara na cidade, gritaram por socorro, à distância. O Mestre mandou que se apresentassem aos sacerdotes no templo que ficariam curados. E o milagre aconteceu. Dos DEZ, apenas um voltou para agradecer. E o Senhor se queixou: “Não foram dez os curados?” Até Cristo, que era Deus, sentiu no rosto o tapa da ingratidão.

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