Amamos tanta gente desde que surgimos nesse mundo... Amamos os pais, a babá, os parentes próximos, a professora. Amamos a primeira namorada, sem saber que viriam outras que nos fariam amar de maneira igual ou maior sem, porém, esquecê-la jamais. Amamos não só pessoas, mas objetos... Nossos diários de adolescente, nossa velha calça jeans e blusão já roto de tanto usar. Amamos comidas, sabores, aromas e cores que nos confundem diante de tanta diversidade. Amamos nosso time do coração e nossas rotas de viagens, muitas vezes nunca concretizadas. Amamos nossas raízes (ou pelo menos deveríamos), nossa cor de pele, nossa etnia. Amamos o verbo, tão cheio de notícias, poemas e devaneios que estampam diariamente os jornais. Amamos a melodia das muitas músicas que compõem nosso repertório. Amamos até o que não conhecemos e nunca vamos ter, e que nos faz sonhar.
E são tantas as coisas que nos arrebatam e nos fazem amar, que passa ser diferente quando amamos o que não deveria ser. Quando amamos na contramão, do tipo não indicado, com direito a falas como “eu avisei...”. Diria que é fácil amar o que parece perfeito, certinho, ideal e belo, pois o risco é mínimo de se surpreender. Pois, quando amamos “padrões”, quase tudo é presumível, do contrário, é conviver com o acaso. Assim, viver com uma lista na mão à procura do príncipe encantado ou da Bela Adormecida é coisa de Contos de Fadas. Saiba que seu príncipe ou sua Cinderela virão com defeitos... E muitos, e nem por isso você precisa deixar de amá-los, na medida que quem ama até consente certos defeitos, pois “Nada mais bonito que os defeitinhos da mulher amada” (Vinícius de Moraes).
E se os atributos nos encantam e hipnotizam em um primeiro instante, são os defeitos que nos fazem amar e dizer mais “me espera que já estou chegando” que “não posso ir”, além do que, certamente o que pode ser defeito para alguns, para outros é qualidade. Então, o teste do amar é entender que o tempo que envelhece, que faz engordar, que faz a barba crescer, que muda cortes de cabelo, cria tatuagens impensáveis e gostos musicais duvidosos não faz diferença no seu gostar, pois quem gosta passa a enxergar com o coração, como decanta Shakespeare: “A verdade é que não te amo com meus olhos, que descobrem em ti mil defeitos, mas com meu coração, que ama o que os olhos desprezam”.
Bons Ventos! Namastê.