Para fazer pesquisa de opinião em dezembro é preciso muita empatia e resiliência para ouvir as inquietações ou até as lamúrias dos entrevistados. Sem dúvida, é um mês ímpar e, mesmo sendo um mês com um significado especial para o mundo Cristão, a frase que mais se escuta no senso comum é: "meu Deus, em dezembro parece que o mundo vai acabar". E não é à toa que existe uma síndrome de final de ano chamada de “dezembrite”, que mostra que há ampliação da angústia e da ansiedade em pessoas que possuem tendência ou uma doença pré-existente.
O mês de comemorar o nascimento de Jesus Cristo é um momento em que se celebra a vida e renovam-se os votos de esperança. Na semana seguinte, tem-se a virada do ano. É o período de se fazer a retrospectiva do ano que se foi, em que alguns comemoram as conquistas mostrando gratidão e outros reclamam ou falam de suas decepções. E o planejamento dessas duas comemorações, que geralmente ocorrem em família, acaba gerando uma explosão de sentimentos, bons e ruins.
Para quem já tem um cotidiano de responsabilidades, dezembro acaba se tornando um mês muito pesado pois é neste mês que se faz todos os fechamentos do ano, com festas e reuniões para todo o lado, o que traz mais estresse.
A correria começa com o aumento das pessoas nas ruas e no trânsito. E essa movimentação tira a paciência de muitas pessoas. A agenda fica mais apertada, temos menos dias "efetivamente" úteis e o dobro de visitas para fazer, eventos ou compromissos. As crianças entram em férias e as formaturas acabam misturando estresse com alegria.
Muitos ficam eufóricos com o décimo terceiro e esse entusiasmo pode virar angústia quando se soma todas as novas contas que chegam em dezembro, como IPTU, IPVA, entre tantos outros compromissos.
Nessas poucas linhas relatei uma breve síntese dos sentimentos conflitantes que mexem com as pessoas em dezembro. Na prática, saímos da zona de conforto, ampliamos a correria e o consumismo, para depois sentarmos e comemorarmos com as pessoas que amamos e, principalmente, sermos motivados a olhar para dentro de nós mesmos e revisitarmos a nossa caminhada.
Por outro lado, quando saímos do nosso cotidiano e somos motivados a confraternizar, ampliamos nossa capacidade de empatia. Isso ocorre quando somos estimulados ou até mesmo obrigados a reencontrar um parente, a dar atenção à família, a contar o que estamos fazendo ou pensando. O final do ano é um certo termômetro da felicidade, que pode nos mostrar um resultado mais positivo ou negativo.
A grande lição que o Natal e o Ano Novo nos trazem está associada à nossa capacidade de nos reinventarmos e de sonharmos. Logo, é muito importante chegarmos neste período com uma revisão de nossas ações e comportamentos em 2024 e com um planejamento do que pretendemos fazer ou ser em 2025.
A perspectiva de melhoria contínua, de progresso emocional, motiva mais perguntas do que traz respostas. Precisamos olhar tanto para nossa "aparência" (o que representamos ou buscamos ser) quanto para nossa “essência” (o que realmente acreditamos, quem realmente somos).
Quanto maior for o alinhamento entre a nossa aparência e a nossa essência, maior será a capacidade de termos um auto entendimento de que "fazemos o que falamos" e de que "tratamos o outro como gostaríamos de sermos tratados."