Sobre esperança
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segunda, 04 de novembro de 2024

Já comentei várias vezes que futebol e esperança caminham juntos, assim como futebol e cartão da loteria. Até por que, se você não tivesse esperança de ganhar na loteria, certamente não colocaria seu dinheiro no guichê da agência lotérica. E não é diferente com o futebol: se você não acreditasse que seu time iria vencer a próxima partida, é provável que deixaria de acompanhá-lo. Questão de lógica.

O futebol, então, guardadas as devidas proporções, passa quase a ser uma religião. O torcedor não desiste, não importa o que aconteça. Cada jogo é uma nova chance de redenção, uma nova “fé” depositada. Assim é a rotina de quem ama o futebol, não tem jeito. E, no fundo, a esperança é que esse próximo jogo seja “o” jogo. Aquele em que o time encaixa, que tudo flui e que a sorte fique ali, grudada na camisa de cada jogador.

E, cá entre nós, tem coisas que nem mesmo o futebol explica. O ritual do torcedor, por exemplo. Ele usa a mesma camisa, a mesma cueca ou qualquer outro acessório, assim como no dia do jogo não veste nada que tenha a cor do maior rival. E ainda assim, tantas e tantas vezes ele acaba se abraçando com a derrota, o que faz parte. E o que ele faz no próximo jogo? As mesmas coisas. Esperança, simples assim. Afinal, cada um acredita na sorte que cria e o futebol volta e meia inventa possibilidades com o improvável.

Estamos nos direcionando para o final de mais uma temporada, época em que normalmente a esperança dá as caras com maior intensidade. Gremistas que lutaram arduamente o campeonato todos contra o rebaixamento agora miram a Copa Sul-Americana. E o Inter, que parecia que a linha de chegada seria exatamente na Copa Sul-Americana, hoje enxerga com enorme possibilidade uma vaga à Libertadores, inclusive podendo conquistar vaga direta.

Depois que as coisas acontecem é fácil vir os especialistas de resultados bradarem que acreditaram. Entretanto, duvido que tivemos 5% de colorados que pensaram em Libertadores quando Roger foi anunciado. Do outro lado, na pior das crises lá pelo mês de julho, talvez nem 10% dos gremistas acreditaram que Renato permaneceria até o final da temporada. Óbvio, são percentuais hipotéticos, mas não sei se não acertei na tampa.

O fato é que “enquanto tem bambu, tem flecha”. Ou, se você preferir, “enquanto houver vida, sempre haverá esperança. ” E se no final as coisas não saírem como planejado e acabarem os bambus, na próxima temporada as flechas voltam a serem feitas e tudo recomeça. Com pitadas de esperança e, por que não dizer, de teimosia. Porque, no futebol, o esperançoso sempre vai ser um pouco teimoso, mesmo que ele diga que não foi teimosia, mas que simplesmente acreditou até o final.

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