Estamos vivenciando no Brasil uma situação que representa mais uma das páginas tristes da nossa história. Triste para dizer o mínimo que a situação merece. E olha que quero deixar bem claro, desde o início desta opinião, que não se discute aqui o merecimento de professores ou de presos em serem vacinados, isto porque, não só eles têm direito à vacina, o povo brasileiro todo tem esse direito. O que inquieta a todos, e é objeto desta opinião é a decisão do governo federal de vacinar os presos do regime carcerário com preferência em relação aos professores. Isso inquieta, revolta, pelo absurdo da preferência.
E de onde saiu a definição, da qual os presos devem ser vacinados antes dos professores? Do Ministério da Saúde. Justamente desse ministério que está devendo muito ao povo brasileiro, pela sua omissão, inoperância e pela sua falta de capacidade e de sensibilidade para as tomadas de decisão. Se o Brasil hoje tem mais de 400 mil mortos, certamente, boa parte delas ocorram por culpa desse Ministério da Saúde, o qual foi e é incapaz de cuidar da saúde de nossa população e de ser sensível à vida de milhares de brasileiros.
Agora, estabelecer que os presos têm preferência, prioridade em receber a vacina em relação aos professores, sinceramente, não dá para entender. Que fundamento é esse? O que justifica essa escolha? Só pode ter saído de burocratas do Ministério da Saúde e outros incompetentes e insensíveis.
Para o Brasil contemporâneo, não chega a ser surpresa. Quando se vivencia uma política negacionista para com nosso bem mais precioso que é a vida, o que esperar? Se o Ministério da Saúde e o governo federal pouco ou quase nada fizeram para proteger a vida das pessoas, se pode esperar que se preocupem com os professores? Aliás, o Ministério da Educação, quem sabe que ele existe e quem é seu ministro, na educação o descaso é semelhante ao que acontece com a saúde.
Só que, priorizar preso em receber a vacina da Covid-19 antes dos professores é inadmissível. Vejam, estupradores, assassinos, bandidos que assaltam, tiram a vida de forma covarde de inocentes, são vacinados, protegidos da moléstia antes dos professores no Brasil. Só no Brasil acontece isso, na Europa e demais países desenvolvidos os presos são os últimos. Então porque aqui eles merecem mais que os professores?
Ao meu ver, e respeito quem pense ao contrário, é porque a educação não é prioridade, há muito não é. Se fosse prioridade, a classe burguesa e os governantes dariam melhor atenção aos nossos professores. E o que dizer do Ministro do STF, que chancela essa escolha do governo federal. Decisões judiciais devem ser respeitadas, entretanto, contestadas sempre, ainda mais quando não realizam a esperada justiça. Justiça é priorizar a educação no Brasil, é vacinar os professores antes dos presos, para aí sim exigir retorno às aulas. Caros professores, a bandeira de luta pela liberdade e emancipação do povo brasileiro continua, apesar desses absurdos que ocorrem no Brasil.