Instalar um sistema de geração própria de energia ajudou famílias e empresas a enfrentarem os reajustes na conta de luz nos últimos anos. Mas o que ainda é uma preocupação distante no jovem mercado brasileiro já é uma realidade nos países mais desenvolvidos, que já vem enfrentando em relação ao uso desta tecnologia. Quem trabalha no mercado de energia solar certamente já ouviu algum caso de cliente que ficou sem atendimento, porque a empresa revendedora ou responsável pela instalação do equipamento fechou, deixando sem atendimento uma série de clientes, que se tornaram órfão solar.
“Órfãos do solar” já são mais frequentes em mercados mais maduros
De acordo com o Canal Solar, a origem do nome está nos clientes finais, consumidores, que ficam sem suporte, mas o movimento atinge toda a cadeia, com revendedores, distribuidores, fabricantes. Uma empresa instaladora também pode ficar órfã de uma fabricante ou distribuidora. Esse fenômeno das empresas saírem do mercado ao longo do tempo tem vários motivos, de acordo com artigo produzido por bacharel em Sistemas de Informação, Arthur Santini, para o Canal Solar.
Entre os principais estão o crescimento da concorrência, a guerra de preços, o sacrifício das margens de lucro, o aumento do passivo das empresas e a dificuldade de gestão dos recursos.
No exterior, casos de fabricantes e distribuidores que saíram do mercado são comuns. Para se ter uma ideia, de acordo com artigo publicado pelo Canal Solar, entre 2000 e 2016, 8,7 mil empresas instalaram sistemas fotovoltaicos nos Estados Unidos. Mas em 2016, apenas 2,9 mil dessas empresas ainda estavam ativas.
Ou seja, em 16 anos, o mercado perdeu dois terços das empresas do setor. Na Austrália, pelo menos 30% dos sistemas estão órfãos, alertou o artigo. Em alguns casos, a instalação foi tão malfeita que o cliente não consegue outra empresa para cuidar. Este cenário acabou deixando dezenas e até milhares de “órfãos solar”.
Quais cuidados que devo ter para não ficar “órfão” de atendimento?
O cliente não quer comprar de uma empresa que pode não existir no futuro, por isso uma série de cuidados devem ser observados na hora de fechar um contrato de aquisição de um sistema fotovoltaico, pois a usina solar é um compromisso assumido por aproximadamente 25 anos, período que atualmente a indústria tem garantido a geração de energia com o equipamento.
A engenheira eletricista Fernanda Grapiglia, que atua no setor de engenharia e pós-venda da empresa Marsol Energia, em Frederico Westphalen, salienta que vem crescendo o número de clientes de empresas que simplesmente não têm suporte técnico para dar o devido atendimento a sistemas instalados, que por algum motivo tiveram problemas, mas que podem ser resolvidos. Manter profissionais qualificados na sua estrutura é um diferencial importante para as empresas, que visam a permanência no mercado, mas este benefício pode resultar em um valor agregado ao cliente, que muitas vezes toma a decisão apenas baseado no preço do produto e não no suporte que poderá contar no futuro.
Ainda de acordo com Fernanda, a Marsol tem investido no setor de manutenção preventiva, oferecendo acompanhamento técnico além da limpeza periódica de módulos, tudo para garantir melhor rentabilidade para o sistema de seus clientes e também daqueles que por algum motivo procuraram a Marsol por já não poder contar com o suporte da empresa que instalou o sistema.
Motivos que podem gerar um “órfão solar”
Muitas vezes, o preço muito baixo pode ser reflexo de um suporte falho, sem profissionais qualificados nas áreas estratégicas para garantir um projeto bem elaborado e sem falhas de execução. Conta, ainda, a falta de experiência com negócios, uso de equipamentos de baixa qualidade, utilização de mão de obra não legalizada, escolha de fornecedores (distribuidores e fabricantes) baseada apenas no preço e despreparo para estar no mercado.
Cabe ao mercado ensinar novos profissionais que estão entrando e também o consumidor final, que conhece pouco sobre os sistemas fotovoltaicos. A responsabilidade e a qualidade do mercado para o futuro são de todos.
E para quem se interessar em adotar os consumidores “órfãos do solar”, as oportunidades podem ser bastante interessantes. Só vale realizar uma boa inspeção no sistema antes de precificar o serviço.
