Um novo tipo de golpe envolvendo o sistema bancário no ambiente on-line vem gerando temor e desconfiança entre empresários de Frederico Westphalen. Nessa semana, representantes de empresas locais relataram terem sido vítimas de situações semelhantes. Em um dos casos, um empresário perdeu R$ 28 mil.
No caso relatado à reportagem do AU, tudo teria ocorrido diretamente na página do Banrisul na internet. O que chama a atenção é a ausência de mecanismos tradicionalmente empregados pelos estelionatários. Segundo uma das vítimas, não foram repassadas senhas ou outros números sigilosos, nem acessados links suspeitos.
A vítima relata que uma pessoa se passando por funcionário do banco ligou para a empresa há algumas semanas, pedindo o nome do profissional responsável pelo setor financeiro. Poucos dias depois, uma nova ligação foi feita para a empresa e, já de posse da informação, os suspeitos pediram para falar diretamente com a coordenadora de finanças. Agindo de forma amigável, solicitaram que para a atualização do cadastro do gerenciador financeiro on-line a funcionária acessasse a conta da empresa. “Eles falaram que era preciso fazer atualização de cadastro no site no banco. Entramos na conta e fizemos a atualização. Um tempo depois, ao acessar a conta, percebemos que todo o valor do saldo e do limite foram transferidos durante o horário do meio-dia para uma conta de um banco digital”, relata o empresário, que prefere não se identificar.
Antecipação de crédito também é relatada
Além da transferência do valor que estava na conta e do limite de crédito da empresa, foi identificada outra ação dos golpistas, com a realização da operação de antecipação de recebíveis dos cartões de crédito. “No ano passado, nossa empresa realizou esta operação, mas tivemos que ir presencialmente na agência fazer a solicitação e assinar um documento. Desta vez, os golpistas conseguiram acessar o recurso apenas por meio de movimentação on-line”, relata o empresário, preocupado com o nível de sofisticação do golpe.
Banrisul estuda o caso
Ao empresário, o Banrisul declarou que está analisando a situação, mas a vítima relata que o dinheiro até então não foi recuperado. No site do banco, há uma lista de possíveis golpes envolvendo o nome da instituição, mas todos afirmam que, para o crime ocorrer, o estelionatário precisa ter acesso a dados pessoais ou instalar programas maliciosos nos computadores dos alvos. Há, no site, um alerta em forma de um exemplo que se assemelha ao golpe relatado pelos empresários locais.
– Nesse tipo de golpe, o golpista tenta enganar sua vítima a fim de obter informações sigilosas (contas, números de cartões, senhas e tokens) e pessoais (nome, endereço, CPF, RG, telefone), usando de persuasão, manipulação, enganação, medo ou exploração da sua confiança. A engenharia social ocorre especialmente por telefone, e-mail, SMS, aplicativos de mensagens e redes sociais, e muitas vezes usa como pretexto a necessidade de atualização cadastral, a atualização do Mecanismo de Segurança, a disponibilização de algum produto ou serviço, ou a existência de débitos em nome do cliente. Mas, pode ocorrer até mesmo contato pessoal, dependendo do interesse do golpista e das informações que ele já possui – escreve o banco.
Ainda assim, o alerta é seguido de uma orientação que faz referência ao cuidado com os dados sigilosos. “Atenção: essas ameaças só podem se concretizar se você fornecer dados ou realizar as ações solicitadas pelo golpista, portanto, desconfie sempre e siga as dicas do Banrisul”, sugere o banco.
A reportagem buscou contato com o Banrisul para obter mais informações sobre o ocorrido com o empresário de Frederico Westphalen e aguarda retorno da assessoria de comunicação.