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Conversa com especialista
Fibromialgia na Odontologia
Por: Por: Matias Lavallos Korsack – Cirurgia Bucomaxilofacial e Implantodontia
Publicado em: terça, 21 de março de 2023 às 09:39h
Atualizado em: terça, 21 de março de 2023 às 09:41h

Certo dia, um senhor entra na clínica. Nitidamente com dor, deprimido e desestimulado. Em poucos minutos ele me relatou o seu diagnóstico, as medicações diárias e a dor crônica na face e na cervical que ele tinha por conta da fibromialgia. Fazendo um exame intrabucal, ele tinha algumas perdas dentárias, logo uma má oclusão e algumas restaurações insatisfatórias. Por conta da dor, ele tinha dificuldade em abrir a boca e permanecer com ela aberta.
Antes de qualquer intervenção odontológica eu precisava primeiro retirar aquele paciente da dor. Como ele era um paciente polifarmácia e por sentir muito as reações adversas das medicações que ele usava – há anos –, eu precisava lançar mão de outra terapia analgésica que não tivesse interação medicamentosa com as outras drogas que ele já fazia uso e que fosse eficiente na melhora daquele quadro clínico. Ele era um paciente que já não acreditava em tratamentos adjuvantes, afinal, convivia com a dor diariamente, não dormia bem, não comia e nem trabalhava com qualidade.
Entendi ali que se eu não melhorasse a qualidade de vida dele, qualquer tratamento odontológico – que necessitava ser feito – seria em vão. Era um excelente caso para o Laser de Baixa Potência.
Propus a ele dez sessões do laser, a princípio, em pontos específicos, e confesso que não estava confiante que esse número de sessões fosse o suficiente, inclusive, deixei claro isso a ele. Mas o convenci que valeria a pena a gente investir naquele tratamento antes de qualquer coisa. Eu sabia que a fibromialgia era uma doença crônica não inflamatória. Sabia que as dores eram difusas e intensas, que alteravam o sono, que levava à fadiga muscular e a falta de disposição. Eu enxerguei todas essas características nele. Sabia que, para ter o diagnóstico de fibromialgia, as dores eram em pontos específicos do corpo, anatomicamente padronizados, que se apresentavam por um período longo. No caso dele, há anos.
Tamanha foi a minha surpresa assim que terminamos a primeira sessão. Ele me perguntou se ele não poderia comprar um aparelho daquele. Sabia que eu havia melhorado algo. O tratamento foi se estendendo e na sétima sessão aquele mesmo senhor, que uma vez entrou triste e com muita dor, chegou no consultório feliz, falante, sem dor alguma.
Eu poderia começar os tratamentos intrabucais e assim o fiz. Portanto, para esse tipo de paciente, o controle da dor é desafiador, mas imprescindível.
É um tratamento paliativo, já que essa abordagem não leva à cura da doença, mas que necessita ser feito. A dor orofacial, a disfunção temporomadibular (DTM), as
alterações orais precisam ser diagnosticadas e tratadas. Vale lembrar também que por conta da dificuldade de abertura de boca ou por ser um paciente que toma diversos medicamentos, algumas drogas, como os antidepressivos (amitriptilina que é muito usada, por exemplo) podem levar à xerostomia, a sensação de boca seca, logo as orientações de higiene oral precisam ser redobradas.
Todas essas alterações precisam ser identificadas, abordadas, porque quanto mais informações temos, melhor são o direcionamento terapêutico e a qualidade de vida desse paciente.

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Por: Matias Lavallos Korsack – Cirurgia Bucomaxilofacial e Implantodontia

Fonte: Jornal O Alto Uruguai