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Contrabando de agrotóxicos
Operação Hórus tem desdobramentos em Palmeira das Missões
Organização criminosa comercializava e falsificava produtos de uso proibido no Brasil
Por: Márcia Sarmento
Publicado em: quinta, 15 de dezembro de 2022 às 14:28h
Atualizado em: quinta, 15 de dezembro de 2022 às 16:09h

A Polícia Civil do Rio Grande o Sul, contando com a participação de diversos órgãos de segurança pública e fiscalização do Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia, executou na manhã desta quinta-feira, 15, cerca de 160 ordens judiciais contra uma organização criminosa que comercializava e falsificava agrotóxicos de uso proibido no Brasil. 
Participaram da Operação Hórus mais de 300 policiais e fiscais em 21 municípios, como São Luiz Gonzaga, Santo Antônio das Missões, Roque Gonzales, Bossoroca, Santiago, Itacurubi, Passo Fundo, Marau, Palmeira das Missões, Nova Ramada, Santo Ângelo, Giruá, Humaitá, Tiradentes do Sul e Cruz Alta, no Rio Grande do Sul; Marialva no Paraná; e São Desidério, Novo Paraná, Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e Riachão das Neves, na Bahia.
Entre as ordens judiciais foram 
- 11 mandados de prisão preventiva (chefias da organização);
- 55 mandados de busca e apreensão em residências e empresas (em 15 cidades do RS, uma do Paraná e cinco na Bahia);
- 22 mandados de busca e apreensão de veículos (usados ou adquiridos pela organização criminosa);
- 37 mandados de sequestro de bens e rendas e suspensão de CNPJ das empresas “laranjas”.
Sobre a operação
A operação policial é resultado de uma investigação que vem sendo realizada pela Draco de São Luiz Gonzaga há um ano, com apoio do Departamento de Polícia do Interior, os quais coordenam a Operação Hórus na Polícia Civil do RS.
Ambos são coordenados também pelo DPI da Secretaria da Segurança Pública (SSP) e Chefia da Polícia Civil. No RS, além de 125 policiais civis, participaram policiais e agentes da Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Rodoviária Federal, Batalhão de Operações Especiais, Ministério da Agricultura, Receita Federal, Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e Instituto-Geral de Perícias (IGP). No Paraná e na Bahia participaram a Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério Agricultura.
No decorrer das investigações, apurou-se que a organização criminosa era chefiada por um grupo de produtores rurais e empresários, alguns deles do ramo de insumos agrícolas, sendo que alguns deles movimentaram, em poucos meses – de janeiro a agosto de 2022 – mais de R$ 25 milhões em contas bancárias de “laranjas” (empresas, parentes e até amantes).
Herdeira do crime
No início das investigações, apurou-se que um dos chefes do esquema criminoso acabou morrendo em razão de complicações decorrentes da Covid-19. Assim sendo, a filha desse criminoso, que então contava 28 anos de idade, acabou assumindo a posição de liderança que o seu pai ocupava na organização criminosa, trazendo para o esquema o seu namorado. A “herdeira do crime” acabou tendo que aprender todas as técnicas envolvidas na venda e falsificação dos agrotóxicos ilegais.
Além disso, uma das figuras que mais chamou a atenção durante as investigações foi uma psicóloga, residente na cidade de Passo Fundo. Ela mantinha um elevado padrão de vida, pois, aparentemente, conseguia conciliar os compromissos profissionais de psicóloga com a atividade criminosa de falsificação de embalagens de agrotóxicos. Para tanto, contava com a colaboração de uma grande empresa da região de Marau, que também passou a ser alvo das investigações.
Bahia
Os criminosos enviavam cargas dos agrotóxicos Paraquat e benzoato de emamectina para todo o Brasil, a Bahia era o principal mercado consumidor. No período de um ano de investigações, percebeu-se que a organização criminosa enviou diversas cargas de agrotóxicos ilegais para diversos produtores rurais do Brasil, em especial RS e Bahia, sendo que lá as cargas se concentraram nas regiões de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, região que tem se destacado nacionalmente na produção de grãos, especialmente a soja.
A DRACO monitorou as movimentações financeiras dos investigados, constatando que grande parte do dinheiro auferido com a venda criminosa dos agrotóxicos ilegais passou pelas mãos de diversos “laranjas”, incluindo familiares, “amantes” e empresas. Das atividades empresariais usadas para a lavagem da renda do crime, destacaram-se uma conhecida loja de roupas de grife, uma empresa do ramo de insumos agrícolas e uma pequena empresa de fabricação de “cucas” (pães doces), todas localizadas em São Luiz Gonzaga.
Uma das “amantes” que atuava como “laranja” do esquema criminoso, com frequência, esbanjava a riqueza auferida com o crime realizando inúmeras viagens para destinos paradisíacos, muitos deles fora do Brasil, sempre ostentando os detalhes das viagens em suas redes sociais.
 

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Fonte: Jornal O Alto Uruguai, com informações da Polícia Civil