Após gerar uma grande expectativa, o Hospital Público Regional (HPR) vem preocupando, cada vez mais, a população regional e lideranças. Com mais de 60% de suas obras finalizadas em agosto, uma série de demissões em razão de dificuldades financeiras tem comprometido o cronograma de obras da casa de saúde.
Conforme o relato de um dos trabalhadores da obra, que prefere não se identificar, mais de 20 pessoas já foram demitidas nos últimos dias. Atualmente, apenas seis profissionais seguem trabalhando com aviso prévio e, além disso, ferramentas de trabalho também foram retiradas do local, segundo revela a reportagem do jornal Tribuna da Produção.
A situação levou a Administração de Palmeira das Missões a realizar uma coletiva de imprensa, na manhã de quinta-feira, 22, com o objetivo de esclarecer as dificuldades enfrentadas. De acordo com o prefeito Evandro Luis Massing, a empresa Sial Construções Civis, responsável pela obra, pediu o reequilíbrio econômico, no valor de R$ 14,4 milhões, que é utilizado para restabelecer a estabilidade financeira na relação firmada entre a administração e o contratado. “No ano passado, nós acertamos a correção de 2020 e 2021. Neste ano, a empresa pediu a correção do contrato, que é a correção do Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), no valor de R$ 8 milhões. Nós, quanto administração, analisamos e concordamos com essa correção. Ainda no que diz respeito ao financeiro, a empresa está apresentando duas contas que precisam ser reequilibradas, e esses valores chegam a R$ 14,4 milhões”, diz.
A solicitação, no entanto, traz consequências para a construção e finalização da obra, segundo Massing, a partir do pedido da empresa e da complementação dos documentos, já estão sendo realizadas as análises para verificar quanto a empresa deve receber no valor do reequilíbrio, que, segundo ele, levará em torno de um mês até sair o resultado. Assim, com a falta de dinheiro e empregados, a obra estará praticamente parada.
Em reunião, que aconteceu na manhã de quinta-feira, 22, entre a Administração de Palmeira das Missões e representantes da empresa Sial Construções Civis, o Executivo questionou a empresa quanto ao cumprimento dos prazos caso o repasse extra de recurso solicitado fosse atendido. “Perguntei aos representantes da Sial, que se após todas as análises, o valor não chegar aos R$ 14,4 milhões, eles ainda conseguiriam concluir a obra no prazo determinado, e a resposta foi de que isso não será possível, e tudo isso nos preocupa. Também pedi se o valor for repassado, o prazo será cumprido, e não tivemos nenhuma expectativa”, fala.
Segundo o vice-prefeito de Palmeira das Missões, Régis Lorenzoni, a obra do maior empreendimento em saúde da região deveria ser entregue, inicialmente, em 24 meses, e teve sua conclusão prorrogada pela segunda vez consecutiva em mais 20 meses. “A obra era para ser entregue no ano passado. Com a pandemia, a empresa não conseguiu cumprir o prazo e pediu mais alguns meses, que, novamente não foi cumprido. Quando o prefeito fala que o prazo de execução deve ser cumprido é porque daqui uns meses, precisamos iniciar a instalação de equipamentos de R$ 10, R$ 20, R$ 30 milhões, pois já estamos trabalhando na questão do trevo de acesso e na compra de equipamentos”, diz.
Apesar dos problemas enfrentados, Lorenzoni garante que não é por falta de recursos que as obras correm o risco de parar. “Esse risco não se dá em virtude de recursos e, sim, da forma como a obra está sendo conduzida pela empresa responsável. A empresa cumpre com atraso o cronograma que ela mesma apresentou desde o início. Estamos atentos a todos os detalhes e precisamos destacar que a prefeitura sempre trabalhou pelo HPR e para que ele seja entregue com a qualidade que a população espera”, diz.
Procurado pela reportagem do jornal O Alto Uruguai, o coordenador do Projeto de Implantação do HPR, Gilberto Barichello, não retornou ao questionamento enviado pela nossa equipe.
HPR
Localizado às margens da BR-468, no Norte do Estado, a construção do Hospital Público Regional de Palmeira das Missões representa uma das maiores obras em saúde pública da história do Rio Grande do Sul. O HPR será referência para 72 municípios e beneficiará uma população de cerca de 500 mil pessoas, com atendimento de média e alta complexidade. As principais especialidades devem ser traumato/ortopedia, neurologia, obstetrícia, oncologia, cardiologia e hemodiálise.
Com uma área construída de 30.216,34 m², o HPR terá nove blocos, onde funcionarão 220 leitos, sendo 180 de internação e 40 de UTI, 20 leitos adulto, 10 leitos neonatal e 10 leitos infantil. A previsão é de que o complexo hospitalar gere mais de 1,3 mil empregos diretos.
Serão nove salas de cirurgia, 15 leitos de recuperação, quimioterapia e hemodiálise, reabilitação física e patologia clínica; ambulatório com sala de cirurgia ambulatorial, três leitos de recuperação, 11 consultórios; urgência/emergência com 10 leitos, 12 leitos de observação e sede regional do Samu; para ensino e pesquisa terá três salas de aula, biblioteca e auditório com 158 lugares.
O contato
O contrato para construção do Hospital Público Regional de Palmeira das Missões foi assinado no dia 5 de abril de 2019. O valor era de R$ 115.001.498,28, correspondente à execução total da obra. Esse valor, no entanto, vem sofrendo reajustes desde que as obras foram iniciadas. Até o momento, já foram gastos R$ 72.709.772,28.