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Fumicultura
Entidades defendem que classificação do fumo seja feita nas propriedades
Atualmente, agricultores levam o produto para as empresas, onde é feita a divisão
Por: Redação
Publicado em: segunda, 04 de abril de 2022 às 10:25h
Atualizado em: segunda, 04 de abril de 2022 às 10:26h

Os produtores gaúchos de fumo receberam uma recente atualização sobre o futuro da comercialização de suas culturas. Recentemente, foi protocolado, na Comissão de Constituição de Justiça da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS), um projeto de lei que prevê que a classificação do fumo seja realizada nas propriedades rurais dos próprios fumicultores. Atualmente, a divisão é feita nas empresas que adquirem o produto.
Algumas entidades são defensoras desta tese, como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), que publicou nota pontuando que “defende que a classificação aconteça sempre nas propriedades, pois ao ser realizada na sede da indústria, na grande maioria dos casos o produtor acaba sendo prejudicado, pois ele não consegue acompanhar o processo de análise da forma como deveria, em virtude muitas vezes da distância”. Segundo a federação, o fato de a divisão ser efetuada no galpão do produtor é possível um acompanhamento ativo na classificação do produto, conseguindo obter melhores preços pela sua produção.
Para o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, “a aprovação na comissão é mais um passo dado na busca por uma classificação justa pelo tabaco, que valorize o produto e o(a) agricultor(a). Seguiremos acompanhando e cobrando para o projeto seja aprovado logo no plenário da Assembleia Legislativa”.
Visão dos produtores
Os grandes assistidos do projeto, que são os produtores, torcem para que a lei seja protocolada. Segundo o agricultor Marcos Ferigollo, que tem propriedade no município de Caiçara, destaca que nesta safra as empresas garantiram um valor melhor para o produtor devido à questão da estiagem que vêm afetando as colheitas dos últimas anos, fazendo com que a matéria-prima ficasse mais escassa. Contudo, Ferigollo comentou que mesmo assim não existiu o acompanhamento do agricultor na classificação, apenas cumpriu-se o valor acertado. “O produtor acaba entregando o seu trabalho do ano conforme eles pagarem lá e tá bom, não tem muito o que fazer nessas circunstâncias, agora se for realizada a venda no galpão do produtor, se possível, vai ter uma melhor negociação”, avalia. 
Ainda, Ferigollo destaca que dentro das atuais condições, o produtor leva o fumo até a empresa e caso não exista uma negociação, cria-se um prejuízo com o manejo do transporte da carga que é conduzida até os empreendimentos que apresentam interesse na compra da matéria-prima. 
O produtor, que também atua no Sindicato Rural de Caiçara, disse que os agricultores compartilham o anseio em poder vender seu produto direto de casa. “No sindicato trabalhamos bastante com produtores de fumo e eles falam que gostariam muito que fosse realizada a compra por parte das empresas, na propriedade deles, que assim é possível obter uma melhor negociação”, comenta Ferigollo. 

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Efeitos da estiagem e aumento nos insumos 

Devido aos impactos da seca, as fumageiras estão sem estoques de produtos, fator que, conforme explica Ferigollo, implica na eventual negociação do fumo, o que “força” as empresas a cederem um pouco nos preços dos agricultores, contudo, a própria seca é um fator que também impacta no resultado da produção, afinal, a falta de chuvas adequadas prejudica a qualidade da safra. Outro fator que reflete na valorização é o preço dos insumos, que têm disparado no mercado. Ferigollo explica que os fertilizantes estão muito custosos, em decorrência dos conflitos entre Ucrânia e Rússia, entre outros fatores econômicos, dando como exemplo a ureia, que antes um pacote custava cerca de R$ 90 e agora ultrapassa os R$ 200.
A aprovação da lei será mais uma vitória para a categoria, um incentivo importante para que as famílias que são dependentes dessa produção possam continuar no ramo com uma rentabilidade digna. Até o momento, a ALRS não sinalizou a data de votação do projeto em sessão.
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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