Você provavelmente já deve ter ouvido a frase de que o lugar da mulher é onde ela quiser. E é mesmo! Os desafios para conquistar o seu espaço são inúmeros e, quando consegue, a classe feminina se depara com o grande tabu de serem respeitadas enquanto mulheres.
As mulheres já superam o número de trabalhadores do sexo masculino em muitas
organizações e em vários setores ou cargos, como os de motoristas, e cada vez mais vêm ganhando notoriedade pelo trabalho desempenhado, como o da Fabiane Facco, do município de Cristal do Sul.
Fabiane tem 33 anos e é a primeira mulher a se tornar motorista da Saúde da cidade. Em um ambiente de trabalho bastante masculino, ela se destaca pelo amor com que transporta seus passageiros, entendendo a importância que tem para as pessoas que passam por tratamentos de saúde em outros municípios, para onde ela precisa levar os pacientes semanalmente.
Em sua carreira profissional, Fabiane registra passagens pelo Hospital Divina Providência (HDP), de Frederico Westphalen, onde atuou como serviços gerais. Após essa experiência, decidiu se inscrever em um processo seletivo de Cristal do Sul, para atuar como motorista da Secretaria de Saúde, onde se classificou em quarto lugar, sendo a única mulher selecionada. “Me sinto feliz com o que faço e pelo espaço que conquistei. Para mim, é muito gratificante quando um paciente fica feliz com o meu trabalho”, destaca a motorista.
Preparação e dedicação
Além de se dedicar ao trabalho, gostar do que está fazendo, Fabiane diz que um diferencial, inclusive para a sua classificação, é estar em constante preparação, ir em busca de cursos, assim como os que ela fez de primeiros socorros e de emergência. “Teve várias mulheres inscritas no processo seletivo, e eu fiquei em quarto lugar pela base de cursos que tenho. Posso não ter a categoria D, mas tenho a categoria B da Carteira de Habilitação, além dos cursos de emergência, primeiros socorros, entre outros, então isso conta como experiência e para que possamos ajudar em casos que necessitem de mais atenção”, explica.
Dificuldades
Como a primeira mulher motorista da Secretaria de Saúde, Fabiane já enfrentou uma série de situações constrangedoras. “A gente enfrenta bastante preconceito. Na verdade, por ser a primeira mulher motorista, é meio difícil, mas a gente luta, tem que mostrar que temos também o direto de seguir em frente na sociedade”, ressalta.
Um exemplo desse preconceito que Fabiane cita é o perfil dos condutores divulgados pelo Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran), que aponta quase o dobro de homens relacionados ao número de mulheres – 1.839.996 mulheres habilitadas para 3.345.734, levando em consideração motoristas a partir de 18 anos.
Sempre contando com o apoio dos familiares e amigos para cada decisão, Fabiane ressalta a importância de uma rede de apoio que incentive o protagonismo feminino em todas as frentes. “O apoio da minha família e amigos sempre foi muito importante para que eu não desistisse do meu sonho de ser a primeira mulher motorista da Saúde de Cristal do Sul, e com muita persistência eu estou na luta até hoje”, conta.
De mãe para filhas
Fabiane é mãe de três filhas – Ana Caroline, Tauany e Eloisa –, e como principal exemplo feminino deixa para elas o legado de uma vida de luta, onde a palavra “desistir” não está no vocabulário. “O principal ensinamento que deixo a elas é que apesar das dificuldades da vida e dos pontos negativos, elas jamais devem desistir”, finaliza. 
