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Ionara Frizon Piovesan
“Eu tinha vergonha das minhas mãos calejadas, mas hoje sinto orgulho”
Aos 46 anos, Ionara Frizon Piovesan é o exemplo de mulher “multitarefa”, que ama trabalhar no meio rural
Por: Suseli Cristo
Publicado em: segunda, 01 de novembro de 2021 às 17:45h
Atualizado em: segunda, 01 de novembro de 2021 às 17:54h

Agricultoras, artesãs, mães, esposas, avós. Cada vez mais, o protagonismo das mulheres rurais vem refletindo na diversidade da atuação feminina no campo. Vistas antes apenas como ajudantes, elas têm se destacado em diferentes etapas na produção de alimentos e demais atividades relacionadas à geração de renda e desenvolvimento no meio rural.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres constituem 40% da mão de obra agrícola nos países em desenvolvimento. No Rio Grande do Sul, a partir do trabalho da Emater/RS-Ascar, a representatividade feminina no campo está cada vez mais forte e reconhecida. Ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas elas têm desempenhado um papel multifuncional, e quem pode provar isso na prática é a produtora Ionara Fátima Frizon Piovesan.

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Em família
Aos 46 anos, Ionara é o exemplo de mulher “multitarefa”. Casada há 30 anos com Roberto Piovesan, com quem tem duas filhas, a Jéssica, de 29 anos, e a Larissa, de 16 anos, além de dois netos, ela se divide nas tarefas de casa, dando atenção à família e aos trabalhos nos 21 hectares da propriedade onde moram, na comunidade do Alto Castelinho, em Frederico Westphalen. 
A rotina de Ionara, que tem como principal atividade a suinocultura e o gado de leite, começa antes do nascer do sol, mas é algo que enche o seu coração de alegria.
– Diariamente, iniciamos os trabalhos às 6 horas, com a preparação da dieta das vacas, ordenha, higienização e fornecimento do leite para as terneiras. Em seguida, alimentamos os suínos (tratamos quatro vezes ao dia, dividindo os horários). Por volta das 8 horas, tomamos nosso café e retornamos para levar as vacas ao pasto e lavar a sala de alimentação. Das 9 horas até por volta as 16h30min (com o intervalo para o almoço), dedico esse tempo para cuidar do jardim, da horta, plantação de mandioca, feijão, batata, pois gostamos de plantar um pouco de tudo para o nosso consumo e produzir o máximo de alimento possível em casa. A Larissa faz alguns trabalhos domésticos e trabalhos da escola. O Roberto cuida da pastagem e do milho para a silagem e serviços gerais, que conta com a ajuda do nosso genro Renato, e a Jéssica dá atenção às crianças e ao seu trabalho de artesanato. Citando assim parece ser algo fácil, mas é preciso muita dedicação e amor ao que se faz – conta Ionara, lembrando que eles só entram para dentro de casa por volta das 19 horas, depois de novamente fazerem o processo de alimentar os animais, ordenha e limpeza.
Mesmo com todas essas tarefas diárias, Ionara ainda faz parte do Coral Santa Cruz e presta serviço voluntário na comunidade, exercendo a função de ministra da comunhão. “A Larissa e eu participamos também de um grupo de cantos para as celebrações dos domingos. Apesar de ter dias cansativos essa rotina no interior, não consigo me ver exercendo outra profissão, amo o meu trabalho e essa nossa ajuda em família”, acrescenta.

Incentivadora
Uma incentivadora da classe feminina, Ionara diz ver com alegria que as mulheres cada vez mais vêm se destacando na atividade rural. “Desejo que cada vez mais mulheres se encorajem nessa luta. Os custos estão levando muitos produtores à desistência, mas precisamos lutar pela nossa classe. Uma vez eu tinha vergonha das minhas mãos calejadas, mas hoje sinto orgulho, sou feliz por estar produzindo o alimento que chega à mesa de tantas pessoas. Aos que desejam permanecer no campo, eu digo que o primeiro passo é gostar, sentir prazer em estar trabalhando no que é seu. A agricultura exige muito trabalho, dedicação e amor. Além disso, é preciso estar sempre se atualizando, ir em busca de melhorias para agregar na sua propriedade”, finaliza Ionara.

 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai