“É uma coisa que eu sempre tive comigo, sempre tive o sonho de jogar futebol”. Assim define Cristhian Kirst sobre a sua relação com o esporte que é paixão dos brasileiros. Natural de Pinheirinho do Vale, o jovem de 20 anos, que atualmente é atleta do Botafogo do Rio de Janeiro – um dos maiores clubes do Brasil –, conta, em entrevista ao AU, como teve início a sua caminhada, os principais desafios por ele vividos, além de suas ambições e prospecções para o futuro como atleta profissional de futebol.
Da Amzop para o Rio de Janeiro
Desde novo apaixonado pelo futebol, Cristhian sempre teve claro o objetivo de se tornar um atleta profissional. Costumava jogar bola todos os dias com seus amigos e vizinhos na rua até chegar a hora de entrar para casa. “Eu jogava bola o dia inteiro, só parava para ir na escola e dormir. Acho que jogar bola também foi a primeira coisa que eu fiz”, comenta Cristhian.
Foi no salonismo que o atleta iniciou a sua jornada, aprendendo posicionamento tático, movimentação e outros fundamentos básicos. O jovem até brinca falando que era mais “fácil” encontrar um grupo para jogar futsal do que fechar times de futebol de campo. Contudo, foi nos gramados que ele se identificou. Dentro de sua própria avaliação, Cristhian começou tardiamente no futebol, com as primeiras oportunidades aparecendo na várzea regional.
– Eu comecei o futebol tarde, foi em 2018, quando eu tinha 16 anos, jogando de centroavante no campeonato da Associação dos Municípios da Zona da Produção (Amzop) e, por meio dessa copa, tive a oportunidade de jogar no TAC, de Três Passos, e começar lá a minha carreira, ficando de agosto de 2018 até fevereiro de 2019 – comenta o atleta pinheirense.
Já em solo três-passense, uma nova possibilidade alavancaria a carreira do atleta. Foi no São José, de Porto Alegre, time que então disputava o Campeonato Gaúcho série A, ao lado de outras equipes tradicionais do Rio Grande do Sul, como o Grêmio, o Internacional e o Juventude, que o centroavante pinheirense teve sua primeira grande oportunidade fora da região. No Zequinha, Cristhian ficou até dezembro de 2019, onde começou a ganhar destaque e se projetar como um atleta promissor. Contudo, uma adversidade que ninguém esperava acabou travando a sua caminhada. “A pandemia atrasou muita coisa, comecei a ir de um lugar para outro, porém tudo parou e acabou afetando também na sequência do trabalho e me prejudicou, mas eu continuei treinando forte”, relata Cristhian.
Em meio às incertezas que a pandemia gerou, trazendo insegurança e instabilidade, uma coisa se manteve clara na cabeça de Cristhian: seu sonho. O jovem não abdicou da dedicação e do empenho, e manteve-se focado e treinando nas condições que eram possíveis. Assim, seu esforço foi recompensado. Cristhian conta que seu empresário tinha uma ligação com a equipe do Botafogo do Rio de Janeiro, onde craques como Nilton Santos, Garrincha, Túlio Maravilha e tantos outros se tornaram ídolos, e que o clube já estava sondando o atleta gaúcho.
– O Botafogo já estava me vendo há algum tempo, e aí fiz um amistoso em Viamão, onde novamente o clube me assistiu e resolveu me levar para o Rio de Janeiro, onde já estou a um tempinho vivendo e me adaptando – pontua Cristhian.
Os desafios em busca da glória
Jogar em um dos times mais tradicionais do Brasil, ao lado de jogadores que até então só assistia na televisão, foi uma realidade que Cristhian demorou algum tempo para entender, ou melhor, para a ficha realmente cair. Aliado a essa questão, a rápida transição entre a várzea e o profissional resultou em algumas dificuldades de adaptação.
– Mesmo acostumado a jogar futebol todos os dias, quando eu iniciei a rotina de treino, que é algo muito diferente, onde demanda muito esforço, além de ter muita gente te cobrando do lado de fora, tive algumas dificuldades, como o caso de lesões pelo corpo não estar acostumado, agora estou no ritmo, mas a rotina é totalmente diferente – explica o atleta.
Outro fator que Cristhian destaca é o mental. A distância e a saudade da família são questões que pesaram no início, mas o pensamento positivo foi o principal escudo para o jovem continuar. “Tu tens que pensar para frente e não para trás. Tem que pensar que tua família, teus amigos estão torcendo por você, e acima de tudo, o futebol não é o que a maioria das pessoas pensam, que você está lá ganhando muito dinheiro, talvez 2% dos jogadores que estão por aí vivem essa realidade. Se a gente faz uma semana mal de treino, os questionamentos sobre se é verdadeiramente isso que eu almejo começam a ocupar a cabeça, mas graças a Deus a cabeça está a cada vez mais forte e estou começando a acostumar realmente a ser jogador. Daqui para frente só anda”, esclarece Cristhian sobre os processos que envolvem ser um jogador profissional.
Prospecções para o futuro
Morando em Niterói (RJ) e já consolidado no elenco da base do glorioso, o centroavante camisa 9 comenta que hoje, já com a devida experiência de ter treinado também entre os profissionais, disputa uma série de competições pelas categorias de base do Botafogo.
– Atualmente estamos disputando o Campeonato Brasileiro Sub-20, iniciando a fase mata-mata. Disputamos também a Copa do Brasil sub-20, onde fomos vice-campeões perdendo a final para o Coritiba, além do Campeonato Carioca – comenta Cristhian.
Nessa perspectiva, ele coleciona experiências que o tornam, cada vez mais, um profissional capacitado para o mercado da bola e, com isso, já faz planos para alavancar, ainda mais, a sua carreira.
– Agora estou com a cabeça totalmente aqui no Botafogo. Eu tenho um sonho muito grande, que é subir para o profissional, fazer minha história aqui e seu Deus quiser um dia, assim como todo o atleta do Brasil, almejo jogar na Europa, tenho um sonho muito grande de ir para lá, mas hoje estou com a cabeça aqui e querendo dar muita alegria para a torcida do Botafogo – enfatiza o camisa 9.
A busca por realizar os sonhos, às vezes, é árdua e parece ser distante, mas Cristhian é mais um exemplo da região que mostrou que com dedicação, empenho e, principalmente, mentalidade positiva e fiel, uma hora se chega lá.
– Início do ano passado, a gente teve uma viagem lá de Pinheirinho do Vale para conhecer o Rio de Janeiro. Eu e meu pai estávamos no Pão de Açúcar e eu olhei para ele e falei, ‘bah, seria um sonho morar e jogar aqui’, e aconteceu. É um sonho muito grande que estou realizando – conta Cristhian Kirst, natural de Pinheiro do Vale e hoje, jogador profissional das categorias de base do Botafogo-RJ.