Se há alguns meses, a falta de chuvas volumosas era a principal preocupação dos produtores rurais da região, agora as precipitações das últimas semanas começam a deixar os agricultores apreensivos. Segundo o Corpo de Bombeiros de Frederico Westphalen, somente entre os dias 30 de setembro e a segunda-feira, 11, foram registrados cerca de 240 milímetros em FW e ainda há previsão de mais chuvas para o decorrer da semana. “A situação climática preocupa os agricultores. Está acontecendo uma precipitação grande, e como a cultura do trigo está em final de ciclo, com a grande maioria das lavouras em formação de grãos e maturação próximas já da colheita, isso causa problema, pois dificulta fazer o tratamento fitossanitário e pode causar danos por surgimento de doenças. Além desta questão, foram chuvas fortes, acompanhadas de ventos, que causaram o acamamento da cultura em pontos isolados, mas em vários municípios da região. Também tivemos algumas situações pontuais de granizo, que também prejudicaram”, afirma o gerente regional adjunto da Emater/RS-Ascar, Cleomar de Bona.
“Não podemos dizer que o trigo está sendo impactado neste momento”
Para o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Luciano Schwerz, outubro é considerado o mês mais chuvoso do ano na região. “De maneira geral, nós tivemos um certo escalonamento das épocas de plantio de trigo, e essa situação foi importante agora para que nem todas as áreas estejam nestas condições de maturação ou se aproximando da maturação. Então, em algumas áreas onde o trigo está mais adiantado, a frequência de chuvas tem preocupado, porque isso reduz a qualidade do trigo, mas é um percentual de área pequeno que está nesta condição de proximidade da colheita. Nós temos na região em torno de 135 mil hectares de trigo e os municípios com maior área semeada não chegam ainda a essa condição. Não podemos dizer ainda que estamos tendo perdas, que o trigo está sendo impactado neste momento, mas sim poderá acontecer como sempre ocorreu ao longo dos anos. As condições de chuvas estão dentro da normalidade e isso vem sendo muito importante para a reposição hídrica, é um equilíbrio que precisa se manter”, contextualiza Schwerz.
Para o agropecuarista de Boa Vista das Missões e vice-presidente do Sindicato Rural de Palmeira das Missões, Ivonei Librelotto, as condições climáticas também ainda não chegaram a comprometer o trigo em razão do estágio que a cultura se encontra. “Tem algum prejuízo sim, mas não é muito, houve um pouco de acamamento, a doença fúngica Giberela, mas salvo situações pontuais eu diria que, apesar das chuvas, a expectativa ainda é muito boa com relação à safra de trigo, talvez teremos a maior safra da história”, projeta Librelotto.