Um filme de terror que durou menos de 30 segundos. Essa foi a descrição dos moradores de Pinheirinho do Vale sobre os fortes ventos que atingiram o município no início da noite da segunda-feira, 13. Apesar de tão pouco tempo, o vendaval deixou rastros de destruição por onde passou, arrancando árvores e danificando dezenas de casas e galpões.
“Quando saí da igreja vi toda aquela cena de destruição”
A cidade também ficou literalmente no escuro por algumas horas. Com luzes de foques e celulares, vizinhos foram aos poucos se reunindo no entorno da praça, isso porque a casa canônica (residência do pároco), localizada nas proximidades, aos fundos da igreja matriz, tinha ficado a céu aberto. “O padre tinha me avisado que não estaria em casa, mas na hora não lembrei disso, estávamos dentro da igreja rezando o terço dos homens e de repente começou a balançar tudo, era gente correndo fechar as janelas, outros a porta, uns correndo para casa. Eu fiquei imobilizado. Quando saí da igreja vi toda aquela cena de destruição, mas olhei e não vi o Gol do padre, foi um alívio, mas aí lembrei da minha mãe, que mora do lado da minha casa, da família e da empresa, fui correndo e graças a Deus não tinha acontecido nada com eles”, conta o coordenador do conselho da Igreja Matriz Cristo Rei, Délcio Giehl.
Casa canônica: “o vento levou tudo, ficou a céu aberto”
Délcio foi quem avisou o pároco, Edejalmo Rubert, de que a casa canônica tinha sido atingida pelo sinistro. “Nós estávamos voltando de um encontro de padres e acabei jantando na casa do pároco de Palmitinho, Gerônimo Girardi, e dou graças a Deus que eu estava lá, se eu tivesse vindo para Pinheirinho do Vale no momento do vendaval eu estaria dentro da casa canônica e a gente não saberia dizer o que ia acontecer. Não sobrou nada praticamente, o vento levou tudo, ficou a céu aberto. A cobertura do salão paroquial também foi danificada, mas a nossa igreja não teve um arranhão. Então, agradecemos por isso, foram perdas materiais, perdemos todos os móveis, da casa, livros da biblioteca, mas os registros de batizados e casamentos foram salvos. Agora vamos nos reunir com a comunidade para uma missa de ação de graças e planejarmos o nosso recomeço. A comunidade é muita solidária, inclusive uma empresária já ofereceu um apartamento para eu me abrigar sem custos”, afirma.
“Acredito que foi uma espécie de tornado”
Jair Feiten estava dentro de casa, com a família, quando o sinistro aconteceu. “Acredito que foi uma espécie de tornado que se formou devido a força dos ventos. Na minha casa, toda a estrutura de telha levantou e baixou, terei que remanejar tudo, mas graças a Deus ninguém se feriu”, comenta o morador.
Fragmentos do telhado da casa canônica também atingiram a residência de Feiten. Há nove anos morando na localidade, Jair argumenta que nunca tinha presenciado um temporal dessa magnitude. “Na hora eu nem percebi do que se tratava, nunca tinha visto tantos escombros, só me dei conta depois que abri a porta e pude ver todo o estrago”, comenta.
Escolas sem aulas
A terça-feira, 14, não foi um dia feliz na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Augusto Dalcin. Isso, porque ao invés dos professores receberem os alunos, o educandário precisou ficar fechado para limpar os escombros. “Diversos pontos foram atingidos, grande parte da cozinha e em outros pontos, tudo no chão”, comenta a diretora da instituição, Lizelena Facciochi Rodrigues.
As aulas na escola foram suspensas ao menos durante os próximos dois dias. Apesar dos danos, a profissional da educação comenta aliviada o fato de que nenhuma criança ou profissional estarem no lugar durante o sinistro. “Com a força dos ventos, os escombros que caíram nos arredores da escola certamente atingiriam alguém. É a primeira vez que um sinistro dessa magnitude aconteceu aqui. Foi um filme de terror o que a gente presenciou”, diz Lizelena.
“Estimo prejuízos de mais de R$ 100 mil na olaria”
Seu Armando Delagostini reside há quase 60 anos em Pinheirinho do Vale e nunca havia presenciado um fenômeno destes no município. “Quando eu vim morar aqui já tinha essa figueira, que agora foi arrancada pelo vento. A sorte que ela caiu no quintal e estragou apenas uma ponta do telhado da casa. Os danos maiores foram na olaria, lá a estimativa é de R$ 100 mil em prejuízos, contabilizando o telhado dos oito galpões e os tijolos em fabricação que se desmancharam com as chuvas”, revela Delagostini.
Município decretará situação de emergência
Segundo o prefeito, Nelbo Appel, a administração municipal fez um levantamento na manhã de ontem, 14, juntamente com a Secretaria de Assistência Social e Emater/RS-Ascar. “Até então, no interior tínhamos o registro de 15 galpões e mais 12 casas danificadas; já na cidade em torno de 35 residências foram atingidas, além das escolas, do galpão do Parque de Máquinas, o silo da Cotrifred e olarias. Desde então, a administração está auxiliando as famílias atingidas com lonas e a Assistência Social está recolhendo doações de roupas e móveis para os mais necessitados”, informa Appel.
Na tarde da terça-feira, também foi realizada uma reunião no gabinete do prefeito, com o coordenador da Defesa Civil, major Alexandre Moreira Pereira, e o comandante do 37º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Carlos Alberto Cardoso de Aguiar Junior. Na ocasião, o município informou os prejuízos e foi orientado pela Defesa Civil para o encaminhamento do decreto de situação de emergência.
Doações para a reconstrução da casa canônica e cobertura do salão paroquial
Quem quiser ajudar na reconstrução da casa canônica pode doar qual valor pela chaves Pix: 89.986.400/0023-37 ou 55991120355.
Doações de roupas e móveis
Roupas e móveis podem ser entregues na Assistência Social do município, que repassará as doações às famílias mais necessitadas.
