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Saúde mental
Bebês Reborn: o que explica a popularidade do universo das bonecas hiper-realistas?
O fenômeno da busca em preencher vazios afetivos abrange também IAS que simulam a realidade
Por: Pedro Costa
Publicado em: terça, 13 de maio de 2025 às 09:38h
Atualizado em: terça, 13 de maio de 2025 às 09:41h

O surto de bebês hiper-realistas ganha cada vez mais força em nossa sociedade. No entanto, engana-se quem acredita que esse fenômeno não tem explicação ou é um caso isolado de um grupo social específico. Considerando a realidade presente em nosso cotidiano, em que a criação de cenários que fogem da nossa realidade é cada vez mais comum nas redes sociais, a problemática se torna mais evidente.

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Quando esse fenômeno ultrapassa o ambiente virtual e imerge no mundo físico, gera desconforto e estranhamento em algumas pessoas. O fato é que, apesar de parecer cômico ou ser tratado como uma manifestação voltada para chamar atenção, as reborns expõem a veracidade de um mundo em que a fronteira entre fantasia e realidade está cada vez mais tênue.

Casos cada vez menos isolados 

Uma jovem de 18 anos ganhou repercussão nas redes sociais ao compartilhar um vídeo em que leva seu bebê reborn ao hospital. Na gravação, ela afirma que a criança teve febre e precisou tomar medicação. O vídeo, que já acumula mais de 3,1 milhões de visualizações e 263 mil curtidas, foi postado no TikTok que conta com mais de 111,9 mil seguidores.

- Tudo começou quando percebi que o Bento não estava muito bem. Então, eu já peguei a bolsa dele e arrumei com tudo que a gente poderia precisar no hospital às pressas e chamei o Uber – relata a moça 

- A médica mediu a febre dele e não estava muito legal. Nessa hora eu já estava desesperada, mas a enfermeira super atenciosa me acalmou - narra. 

- Deu a medicação para ele, mas eu acabei não gravando porque ele chorou muito - completa. 

Nas imagens, a jovem compartilha toda a rotina, desde arrumar a bolsa e entrar no carro, pesar o bebê na balança do hospital e até dar mamadeira para ele. As enfermeiras, por sua vez, agiram com cuidado no caso da moça, pois esta atitude poderia refletir sérios problemas mentais, diante isso optaram por priorizar o apoio emocional e psicológico, ao invés de expulsá-la.

Saúde mental em risco 

Porém, essa linha tênue entre o que é real e o que é falso, causa um impacto real para a saúde mental do indivíduo. Segundo a psicóloga Leticia de Oliveira, não há benefício psicológico em tratar um boneco como humano. "De forma alguma. A humanização de um boneco demonstra diversas questões emocionais e psíquicas, revelando uma carência emocional significativa e uma possível frustração existencial", afirmou Leticia.

Ela aponta que esse comportamento pode revelar problemas na convivência social, sensação de isolamento, busca por controle ou até mesmo um quadro de depressão intensa.

Em suma, o uso dos bebês reborn pode refletir motivações emocionais profundas, que vão além da simples apreciação estética ou colecionismo. Para algumas pessoas, cuidar de um bebê reborn representa a tentativa de encenar o cuidado num tempo em que as relações reais parecem, para muitos, assustadoras ou distantes demais.
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai