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Silvana Andrade da Silva
Um sorriso que rompe o silêncio
Apesar das dificuldades que foram surgindo, a família superou todas, lado a lado, e hoje Silvana se tornou uma jovem batalhadora, que serve de incentivo para muitas pessoas
Por: Suseli Cristo
Publicado em: segunda, 23 de agosto de 2021 às 11:13h
Atualizado em: segunda, 23 de agosto de 2021 às 11:28h

Do dia 21 a 28 de agosto, é comemorada a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. A data foi instituída pela Lei nº 13.585/2.017, com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre as necessidades específicas para promover a inclusão social, além lutar por mais igualdade, combatendo o preconceito e a discriminação. Talvez agora, você deve estar lembrando de pessoas com deficiência que conheça e se perguntando como superaram as barreiras impostas no dia a dia e fizeram disso um objetivo de vida? Elas lutaram!
Assim também foi e tem sido com a frederiquense Silvana Andrade da Silva, de 36 anos, que todos os dias sai da cama cedinho para fazer aquilo que ela mais ama, que é trabalhar, estar entre as pessoas, se sentir incluída e realizar os seus sonhos.
Quando tinha nove meses de idade, em razão de uma febre, Silvana foi levada ao médico, mas a dosagem muito alta de antibiótico receitada fez com que os pais, Eva e Sidenei, recebessem uma das piores notícias. As cordas vocais e os tímpanos de Silvana secaram, ela fez cirurgia, mas, infelizmente, não foi possível reverter o seu caso.
Apesar das dificuldades que foram surgindo, a família superou todas, lado a lado, e hoje Silvana se tornou uma jovem batalhadora, que serve de incentivo para muitas pessoas.

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Amiga de todos
Não é difícil falar com alguma pessoa que já não tenha cruzado com a Silvana pelas ruas de Frederico Westphalen, alguma loja ou supermercado. Independente, mesmo contando com a ajuda dos pais, ela gosta de fazer tudo sozinha, não abre mão dessa liberdade, que mesmo tendo alguma dificuldade por conta da sua surdez, é sempre muito bem recebida e o seu sorriso demostra a felicidade que sente por esse reconhecimento. Inclusive, no seu Facebook, não tem um mês que ela não esteja homenageando algum conhecido, felicitando pela passagem de aniversários ou até mesmo por alguma lembrança da rede social. Ela é toda tecnológica, usa o WhatsApp, o Instagram, se comunica pela escrita (às vezes com alguma desconexão, mas nunca foi um problema) e libras, pois frequentou escola, foi alfabetizada e preparada desde a escola para a vida. 
– Gosto de demostrar esse carinho com aqueles que sempre retribuem, que me dão oi quando me encontram, que sabem que sou muito mais que essa deficiência. Às vezes, podemos até ter uma carência, por falta de nos relacionarmos com mais pessoas, termos uma rede de amigos maior, mas eu sou feliz com aqueles que tenho perto de mim. Posso não ouvir, mas sinto com o coração cada demonstração de afeto – frisa Silvana.

Enfrentando obstáculos
Orgulhosa da “correria” semanal da sua vida, Silvana é dessas pessoas que não deixa se abater por qualquer dificuldade. E quando a mãe dela lembra disso, fica emocionada por todos os obstáculos que já enfrentou. “Sou guerreira, tenho orgulho dos desafios pelos quais passamos, mas sei que para os meus pais, me verem assim, deixa eles felizes. Nós, surdos, ou com qualquer deficiência, precisamos que nos deem possibilidades de ter uma vida ‘normal’, só precisamos ser incentivados, que nos façam enfrentar a realidade lá fora. Não precisamos ser escondidos, devemos ser apresentados ao mundo, de como enfrentar o que for surgindo. E quando os nossos protetores se forem, como vai ser?”, acrescenta Silvana.

Dedicada em tudo o que faz
Contrariando muitas pesquisas, que fazem algumas pessoas acreditar que “a maioria dos surdos é analfabeta e sem capacidade”, Silvana prova com suas atividades diárias que a surdez em sua vida é apenas um detalhe, que ela nem lembra quando está realizando suas tarefas. Inclusive, ajuda muitos da família. “Gosto de ajudar, faço tudo o que a minha mãe pede, vou pagar contas, no banco, no supermercado, farmácia. Claro que às vezes tem alguma dificuldade de algum atendente me compreender, mas com paciência tudo se resolve. Também levo bilhete quando é algo mais complexo, até porque o uso da máscara às vezes dificulta a comunicação. Sou feliz também no meu trabalho, onde estou há 16 anos, em uma escola aqui de FW. O que importa é você ser dedicada em tudo o que faz. Eu sou feliz por me sentir útil, por trabalhar, por tudo o que a vida me proporcionou. Lamentar não vai fazer eu voltar a ouvir e falar, é preciso seguir”, finaliza.   


 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai