A produção de tabaco no Médio Alto Uruguai apresentou um crescimento superior a 30% na safra 2023/2024, conforme dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Esse aumento foi impulsionado principalmente pela valorização do tabaco no mercado global, além de ser reflexo da queda no preço da soja, levando os produtores a diversificarem a produção, apostando no cultivo do tabaco – do tipo burley.
Números na região
Caiçara segue como maior produtor da região, com 1.201 toneladas colhidas em 834 hectares cultivados, envolvendo 498 famílias. Alpestre se destacou com o maior número de produtores, totalizando 559 famílias que cultivaram 689 hectares e atingiram uma produção de 991 toneladas. Municípios como Iraí e Palmitinho, embora com números menores, também contribuíram para o aumento geral da produção na região.
Carlos Ruviaro, extensionista rural da Emater/RS-Ascar, aponta que o crescimento na produção se deve a dois fatores principais: a queda nos custos de produção e o aumento no preço pago pelas empresas fumageiras. Ele também destaca que as expectativas de novos reajustes nos preços contribuem para este cenário de expansão de 30% da área plantada, informa Ruviaro. "Além da safra normal, estamos vendo também um aumento no cultivo fora da época, com plantios realizados entre março e abril, e ainda uma expectativa de plantio entre dezembro e janeiro. O mercado está favorecendo essa prática e até as empresas incentivam o cultivo para atender à demanda da indústria. Em Caiçara, muitos produtores contratam diaristas, que recebem entre R$ 200 e R$ 400 por dia, dependendo da atividade realizada. O fumo movimenta bastante a economia local, gerando emprego e renda", conclui o extensionista, diz Ruviaro.
Crescimento nos últimos três anos
O presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing, destaca outro aspecto positivo para o aumento na produção de tabaco. "Nos últimos três anos, a região enfrentou condições climáticas adversas, com secas e enchentes. Felizmente, o setor de tabaco foi uma das culturas menos afetadas. Quando a enchente ocorreu no ano passado, o impacto na produção de tabaco foi mínimo, com perdas entre 1% e 2%. O que realmente afetou a safra de 2023/2024 foi a seca do ano anterior, resultando em uma queda de cerca de 17% na produção. No entanto, as chuvas intensas de abril e maio deste ano não causaram danos, pois a safra já estava entregue à indústria e o plantio da nova safra estava protegido", explicou Thesing. o presidente do SindiTabaco ressaltou a importância do acompanhamento das condições climáticas nos próximos meses para garantir que as previsões de crescimento se concretizem. O tabaco tem se mostrado uma opção cada vez mais atrativa para pequenos e médios produtores, que buscam diversificar suas fontes de renda, consolidando-se como uma cultura estratégica para a economia local no Médio Alto Uruguai.
A área plantada deve aumentar em torno de 9% em 2025
Com relação ao futuro, a Afubra prevê um aumento de 9% na área plantada e um crescimento de 3,5% no número de produtores para a safra o próximo ano. Esses números indicam que a produção de tabaco na região do Médio Alto Uruguai continuará a crescer, impulsionada pela recuperação do setor e pela retomada do cultivo por produtores que buscam uma alternativa rentável. "A expectativa para a safra 2024/2025 é muito positiva. A área plantada deve aumentar em torno de 9%, e o número de produtores deve crescer em 3,5%. Valmor Thesing também comentou sobre o impacto das commodities agrícolas no retorno dos produtores ao tabaco. "Nos últimos anos, muitos produtores se afastaram do tabaco devido à alta rentabilidade de outras commodities, como a soja. No entanto, a queda significativa nos preços dessas commodities fez com que o tabaco voltasse a ser uma alternativa viável", completou.