Representando diversos setores da sociedade de Frederico Westphalen e região, uma Audiência Pública foi realizada na noite de quinta-feira, 22, no salão nobre da Associação Empresarial ACI/CDL de Frederico Westphalen (AEFW), para tratar sobre a situação do União Frederiquense. Durante o encontro, conduzido pelos ex-presidentes Edison Cantarelli e Vinícius Girardi, com a participação do também ex-presidente Celson Oliveira e do diretor financeiro Pedro Gelson da Costa, foi destacada a situação financeira do clube, que atualmente enfrenta uma dívida de R$ 5.741.085,00, com valor sujeito a variações devido a correções e juros acumulados ao longo do tempo.
Dívida detalhada
Segundo exposto no encontro pelos ex-dirigentes, a dívida estaria distribuída entre várias instituições financeiras e credores, com os maiores débitos registrados junto ao Sicredi, totalizando R$ 1.880.000,00, a ser parcelado a partir de dezembro de 2024, e ao Sicoob, com um total de R$ 1.420.000,00, parcelado em 120 meses a partir de novembro do mesmo ano. Ainda, como informado na noite aos presentes, teriam outros valores para serem quitados junto à cooperativa Cresol, no valor de R$ 250.000,00, em que os pagamentos mensais de R$ 7.800,00 estão em andamento. Também foram informados outros credores, incluindo pessoas jurídicas e físicas, e encargos e impostos pendentes. Entre essas pendências estão R$ 1.619.441,00 destinados a pessoas jurídicas, R$ 200.000,00 em encargos e impostos e R$ 119.244,00 referentes a ações trabalhistas. Para poder diminuir em um R$ 1 milhão o valor, o União pode repassar os loteamentos que pertencem ao clube aos bancos, para isso é preciso finalizar a infraestrutura, como a pavimentação e parte elétrica desses loteamentos. O Leão da Colina possui mais de R$ 10 milhões em bens, juntando a Arena e os loteamentos.
Após a apresentação dos números financeiros, foi falado sobre as necessidades para o saneamento do clube, como manutenção do comitê gestor, formação do novo conselho de administração e deliberativo, finalizações dos loteamentos e a finalização do condomínio fechado do clube. Foi destacado, ainda, que todas essas demandas precisam do apoio da comunidade.
Soluções apresentadas
Por fim, foram apresentadas as metas que precisam ser alcançadas a curto prazo para poder colocar o clube nos trilhos. As principais propostas do clube são a venda de 30 títulos de sócios remidos até o fim do ano, no valor de R$ 35 mil cada, com a possibilidade de parcelamento. Cada título dá direito ao proprietário a duas cadeiras vitalícias na arquibancada do estádio entre outros benefícios, como participação societária no clube. Outra solução de curto prazo para levantar recursos foi através da parceria com a startup gaúcha de energia Volters. Os torcedores que cadastrarem sua conta de energia, ou de amigos e parentes, através da plataforma da Volters, terão desconto na fatura e ajudarão o clube através de comissionamento que a empresa irá pagar pelas faturas. A meta do clube é alavancar R$ 500 mil em contas de energia inicialmente, gerando uma renda mensal para o saneamento do passivo.
A venda do “naming rights” do União-FW, uma estratégia de marketing em que uma empresa compra o direito de nomear um espaço, batizando a Arena do União com o seu nome ou de um produto, poderá alavancar até R$ 1,5 milhão. Outra fonte seriam convênio com os órgãos públicos e privados para destinação de recursos para o financeiro do clube, uma vez que a maioria dos clubes que competem com o União contam com recursos públicos para se manter.
Crise de recursos financeiros e também humanos
Foi apresentada ainda a possibilidade de criação de uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF), para assumir a direção do clube. Sem uma diretoria constituída desde do dia 31 de julho, o time não consegue fazer nenhuma movimentação financeira e jurídica, situação que também inviabiliza a rescisão de contratos de atletas que estão ativos com o União-FW. A ausência de lideranças na equipe também resulta na desmobilização de esforços para auxiliar na realização das tarefas necessárias para sanar o clube.
Tanto Cantarelli quanto Girardi desabafaram sobre a crise de pessoal que o clube enfrenta, com poucos voluntários auxiliando nas ações que precisam ser realizadas. “O União não é uma pessoa, ele precisa de pessoas para acontecer”, destacava Cantarelli, pedindo que voluntários de apresentassem para ajudar nas tarefas propostas, pois não contam com colaboradores para o operacional do clube.
Comunidade participa com sugestões
Após a apresentação das pautas da audiência, foi aberto o espaço para o público presente participar. Foram apresentadas ideias de criações de comissões para ajudar o União nas vendas, associações, parcerias, divulgação do clube em outros municípios, vaquinhas virtuais e possibilidade de parcerias e investimentos do clube em outros mercados.
No fim da audiência, os ex-presidentes destacaram sobre a importância dessa audiência e os avanços que ocorreram. “Eu saio bastante feliz e satisfeito, primeiro de ver as pessoas aqui. Tem pessoas que se disponibilizam sair em um dia de chuva e vir aqui, é porque elas estão preocupadas com o clube, e eu tenho muita confiança do que eu vi aqui. Espero que as pessoas saibam que pode fazer o seu trabalho para ajudar o clube”, ressaltou Cantarelli.
Girardi complementou sobre os resultados da audiência. “São essas atitudes nesse momento, tendo o patrimônio que o União tem. Esse é nosso foco nesse momento, além de montar a nova direção, tem que ter pessoas voluntárias que trabalhem. O enfrentamento vem do abraço de pessoas da comunidade que tanto gostam do nosso clube”, frisou Girardi.
Após o fim do encontro de quinta-feira, foi marcado para o dia 9 de setembro, outra assembleia, com o intuito de eleger uma nova direção.